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Críticas

Cineplayers

Apesar de não ser uma bomba, o filme é absolutamente dispensável e pouco interessante.

5,5

Sinceramente, não tive a menor vontade de escrever sobre Anjos da Vida – Mais Bravos que o Mar. Não por causa do tenebroso título nacional, mas simplesmente porque esta é uma produção exatamente igual a toneladas de outras que saem todos os anos da máquina hollywoodiana. Troque o ambiente da história, o nome dos personagens e um detalhe aqui ou lá e Anjos da Vida tem muito irmão gêmeo espalhado pelas locadoras e cinemas.

Desta vez, o foco é o treinamento para os nadadores de resgate da Guarda Costeira americana. Ben Rand all é um veterano do serviço que, após um trauma, é enviado para treinar os novatos. Ali ele conhece o jovem Jake Fischer, um menino prodígio com sérios problemas de atitude, mas muito potencial. Enquanto Jake sofre com os métodos de Randall, o professor precisa superar a perda de sua equipe.

Mesmo sem oferecer nada de absolutamente novo, Anjos da Vida é realizado com certa competência, o que evita o filme do desastre total. O diretor Andrew Davis não passa de um operário, mas capaz de fazer destas tramas clichês algo suportável de assistir, ainda que completamente esquecível assim que as luzes se acendem. Anjos da Vida tem diversos problemas, mas vai agradar aos espectadores menos exigentes.

Um dos principais destes problemas é a longa duração. Será que realmente eram necessárias mais de duas horas para contar uma história superficial e sem imaginação? Como resultado, Anjos da Vida acaba se tornando repetitivo e cansativo, especialmente nas cenas de resgate. Por outro lado, a metragem excessiva permite que o relacionamento entre Randall e Fischer seja construído com cuidado. Claro, o arco dramático pelo qual passa a amizade dos dois é completamente previsível, mas pelo menos não soa forçado.

Pena que o mesmo não pode ser dito do restante dos relacionamentos de Anjos da Vida. O romance de Fischer com a professora é completamente dispensável, uma vez que não desenvolve o personagem e nada acrescenta à trama, além de a ser súbita demais e não convencer. Enquanto isso, a subtrama envolvendo Randall e sua esposa é tratada com um pouco mais de maturidade e profundidade, ainda que, da mesma forma, não tenha conseqüências nos personagem ou na história.

Como se não bastasse a falta de idéias e ousadia, o roteiro escrito por Ron L. Brinkerhoff (cujo único trabalho é o equívoco D-Tox, com Stallone), ainda derrapa feio no final.  O sacrifício de um personagem é uma das soluções mais desnecessárias do ano, uma tentativa furada para arrancar algumas lágrimas da platéia. Da mesma forma, a conclusão para o romance entre a professora e Fischer é uma obediência estúpida às regras de final feliz do cinema americano, pois não tem lógica tanto em relação às ações dos personagens quanto à própria trama.

Ainda ensaiando o retorno ao primeiro escalão de Hollywood, Kevin Costner está bem no papel de Randall. Mesmo que o roteiro não exija muito de seu talento dramático, a presença de Costner é suficiente para passar a imagem de experiência que o personagem pede. Enquanto isso, Kutcher estabelece uma boa química com o veterano ator, fato que revela-se a maior qualidade de Anjos da Vida. Além disso, ele deixa de lado o papel do abobalhado Kelso de That 70’s Show e sai-se surpreendentemente bem em cenas mais carregadas, como a da revelação de um trauma do passado.

Com cenas de ação bem montadas, mas pouco empolgantes, Anjos da Vida é um filme que não apenas merece, como será esquecido rapidamente. A estrutura esquemática da história, os personagens rasos e a ausência de grandes momentos jogam a obra na pilha de lugares-comuns aos quais estamos acostumados. Não é um atentado à sétima-arte, mas também não merece mais do que um lugar no Supercine.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 16:43

Ashton Kutcher acaba com qualquer projeto que se envova. este, seria uma homenagem aos anjos da vida, mas quase virou deboche devido às caras e bocas dele. É visível o desconforto de Costner quando divide a tela com ele.

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