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Amundsen, o Explorador

(Amundsen, 2019)
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Críticas

Cineplayers

Conto de obsessão mais chapa branca impossível

5,0

Roald Amundsen é um nome a ser conhecido para aqueles que são fascinados por exploração. O norueguês nascido em 1872 foi a primeira pessoa a chegar tanto no Pólo Sul, em 1911, quanto no Pólo Norte, em 1926. Mesmo as controvérsias com os ingleses não mancharam a carreira, tendo conquistado por seus feitos reconhecimentos internacionais as mais altas honrarias. Mas quem era o homem por trás do mito?

A biografia Amundsen, O Explorador (2019) quer explicar, mas não parece tão interessada em tentar responder como acontece em outros retratos de audazes exploradores que entraram para o folclore popular na virada do século XIX para XX, como Percy Fawcett em Z - A Cidade Perdida (2016). A obra dirigida por Espen Sandberg (Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar) é a típica obra de encomenda feita para exaltar um tanto e mostrar um ou outro defeito do protagonista.

Cada chavão que possa ser imaginado do gênero está presente aqui: a narrativa-moldura que retrata a conversa entre o irmão de Amundsen Leon e Bess, amante do explorador, abre espaço para um flashback que ocupa a maior parte do filme, contando a história do personagem da infância até a idade adulta é talvez o recurso mais básico do gênero. Mas também somos brindados com toda a parafernália típica de um cinemão “novelesco”, como  inúmeras tomadas aéreas, multidões de figurantes e uma trilha sonora pesada e dramática com o propósito de emocionar. Incrível a cartilha de estilo raramente quebrada por esse subgênero de biografias dramáticas.

Pål Sverre Hagen (Onde Está Segunda?) parece ter sabido o peso de interpretar o personagem atormentado, que só se apaixona por mulheres comprometidas e que se sente mais em casa a milhares de quilômetros de distância do que na sua atual residência, circundado por familiares, amigos e contatos sociais. Mas o roteiro parece relativizar um tanto o personagem: Katherine Waterston (Animais Fantásticos e Onde Habitam) como  Bess aparece como a namorada que compreende totalmente o amado, perdoando as outras mulheres de sua vida, as bancarrotas imprudentes, os abandonos constantes e até o eventual desaparecimento.

Enquanto isso, seu irmão Leon (Christan Rubeck, também de Onde Está Segunda?) fica parecendo como a força covarde, questionadora e desagradável da história, mas o roteiro parece esquecer que todos tem tons de cinza. Amargurado, Roald retira seu irmão de sua autobiografia e recusa seus apertos de mão, mas mesmo assim Leon chora por seu desaparecimento, lamentando por seus erros em relação ao irmão sonhador.

Assim, Amundsen, O Exploador é aquele típico de filme que muitos rotulariam de “dramalhão”, e sobram lágrimas, lavação de roupa suja e a exploração sentimental de um homem que não conhecia barreiras para o seu trabalho - e se os outros estivessem no caminho, que saíssem da frente. Mas é uma abordagem um tanto típica, acomodada e praticamente sem arroubos criativos - quando “inventa” algo sobre seu personagem, em matéria de subjetividade, a obra pula de tempo e, no caso mais crítico, simplesmente acaba. Fica no todo como uma obra sumariamente medíocre.

Crítica da cobertura do 21º Festival do Rio

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