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Críticas

Cineplayers

Um suspense que apenas serve para degradar a imagem de Robert De Niro como ator. Dakota se sai melhor que o veterano ator.

3,0

"Hide and Seek", o título original, se refere à popular brincadeira infantil que aqui no Brasil chamamos de esconde-esconde. Portanto, é até meio paradoxal que o filme tenha tantos buracos e problemas e nem se dê ao luxo de tentar escondê-los. Outro que deveria se esconder de tanta vergonha em estar em uma produção tão ruim é o (ainda) grande Robert De Niro. Ele está, com certeza absoluta, em seu pior momento no cinema em uma personagem que deixaria constrangido até o Ben Stiller.

É a grande síndrome do cinema de suspense/terror atualmente: criar uma história de mistério bizarra, inserir um ator infantil talentoso e fazer uma grande reviravolta no final, com o intuito de surpreender o espectador. O problema é que os espertos executivos do cinema ainda insistem na fórmula que vem sendo desgastada desde "O Sexto Sentido", e com resultados cada vez piores.

John Polson, um medíocre ex-ator que anteriormente tinha dirigido o igualmente ruim Fixação (aquele suspense-de-piscina com a Erika Christensen), aqui repete todos os cacoetes do gênero (câmera subjetiva, ambientes escuros, sustos no porão) ao contar a história de Emily, garotinha que fica traumatizada ao ver a mãe morta na banheira de sua casa, em um ato de suicídio sem motivo aparente. Seu pai, o psicólogo David (De Niro), decide se mudar para o campo para que ambos pudessem recomeçar suas vidas, sem as terríveis lembranças do passado.

Só que Emily passa a ter um comportamento estranho, cada vez mais sociopata e ainda por cima cria um amigo imaginário, por quem ela acaba por colocar a culpa nos estranhos fatos que passam a acontecer. Inclusive o tal amigo secreto passa a incitá-la contra o próprio pai, culpando-o pela morte da mãe. David então tenta então diagnosticar a filha (atenção para o fato que psicólogos são proibidos de fazer qualquer tipo de tratamento com pessoas próximas) e a pedir conselhos a uma psicóloga amiga da família (Famke Janssen, a Jean Gray dos dois X-Men) – só que as coisas só vão piorando e tudo terminará em tragédia.

Curiosamente, o filme vai deixando várias brechas no roteiro para trás, e isso vai irritando profundamente o espectador, até o ponto no qual o tal do amigo oculto é descoberto – então, se algumas das brechas deixadas são, digamos, satisfatoriamente reparadas, outras muitas surgem e tudo vira o samba do crioulo doido. O final do filme é tão risível, tão clichê e tão medíocre que ficamos com raiva de termos assistido a tamanha bomba. Falando em risada, tem uma cena no filme que é digna de gargalhadas, quando na verdade era para assustar: quando Emily assusta uma garotinha que quer virar sua amiga.

O filme tem alguns (poucos) bons momentos. Amy Irving levanta o filme, curiosamente, nas poucas cenas em que aparece, logo no prólogo, como a mãe suicida. E Dakota Fanning consegue derrubar De Niro em cena, mostrando mais uma vez seu enorme talento – e ela tinha menos de dez anos quando rodou o filme! De cabelos escurecidos, mostra porque conseguiu assustar platéias no mundo todo com sua gélida Emily.

Espera-se que ela consiga manter-se firme na carreira (ela está para estrear "Guerra dos Mundos", ao lado de Tom Cruise e Steven Spielberg) e que consiga sobreviver à síndrome das crianças no cinema que não conseguem continuar a carreira, síndrome essa que começou com Shirley Temple e que atacou recentemente Haley Joel Osment). Outra presença feliz é a de Melissa Leo, talentosíssima, que esteve grande em "21 Gramas" e que aqui mais uma vez mostra-se iluminada na pele de uma mãe atormentada.

Mas o filme não consegue passar o limite do aceitável. Seu desfecho pavoroso (como a personagem de Famke Janssen chegou ao local?), situações forçadas (a personagem de Elisabeth Shue, mais perdida na trama que a carreira da própria atriz, recebe um tratamento digno de pena) e os buracos enormes no roteiro tornam esse filme um passatempo mais que irritante. Tem gente aí que deve estar se escondendo de vergonha, não é, sr. De Niro?

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 16:22

O filme prometia mais. Acho que De Niro, ou deve estar procurando mesmo esse tipo de papel, ou anda cansado demais para escolher trabalhos ousados. Mas segue sendo um dos maiores de todos os tempos!!!

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