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Críticas

Cineplayers

Com diálogos divertidos e situações interessantes, é um bom trabalho que fala sobre casais de classe média.

7,0

Acostumada a falar sobre relacionamentos adultos através da direção de vários episódios de televisão como “Sex and the City” e “Gilmore Girls”, Nicole Holofcener dispôs de um excelente elenco para levar mais uma vez o tema aos cinemas. Através de um clima descompromissado, seu filme Amigas com Dinheiro mistura comédia e drama de uma forma muito boa e, embora a diretora recorra a alguns clichês, pode-se dizer que conseguiu fazer deste pequeno filme um trabalho muito bem recomendável.

Amigas com Dinheiro é um retrato da classe média norte-americana. Um retrato um tanto quanto estereotipado, é verdade, mas que aponta na direção correta: pessoas cheias de problemas imaginários para preencher o vazio de suas vidas normais, com temperos nem sempre doces (leia-se: muitas discussões banais entre amigos e casais). Parte do público pode ficar ofendida, mas não deveria, pois o filme não deve ser levado tão a sério. Isso porque, apesar de demonstrar querer analisar a classe média, Amigas com Dinheiro funciona melhor é como diversão leve. Analisado dessa forma, o filme pode ser considerado muito bom. Agora, para um estudo mais sério do tema, trabalhos mais consagrados como Felicidade ou mesmo Beleza Americana vêm melhor a calhar.

Os conflitos apresentados pelo roteiro escrito pela própria diretora são previsíveis e óbvios, mas os diálogos e as situações apresentadas pelo menos são geralmente interessantes. Um ponto positivo é o fato de que nem todas as histórias possuem resolução ao final. Essa característica, apesar de aparentar ser uma saída fácil para deixar de responder a muitas questões levantadas, não deixa de combinar com a vida real, onde nem tudo tem um final feliz, ou mesmo nem tudo pelo que passamos tem necessariamente um final.

As atuações são bem competentes, embora um tanto quanto caricatas. O filme tem uma gama de atores bons e nenhuma grande estrela (talvez Jennifer Aniston poderia chegar perto desse título, mas não pelo que fez no cinema até hoje), o que serviu para não tirar a atenção dos personagens para algum deles em específico. O elenco sóbrio e o clima leve com que a diretora leva seu filme combinam com o que foi aparentemente proposto: uma mistura de conteúdo com entretenimento, bem dosada (e se não foi esse o objetivo de Holofcener, foi pelo menos esta a sensação que ela passou a mim). Alguns personagens são improváveis, por isso chamei as atuações de caricatas. Um exemplo é Marty (o gordinho solitário, feito por Bob Stephenson), que possui uma resolução na história que seria o contrário do que aconteceria na vida real – pelo menos na maioria dos casos.

Ainda que possua alguns problemas menores, a narrativa é suave e flui muito bem. Os personagens são todos apresentados de uma só vez a partir de uma reunião no início do filme, despertando interesse logo de cara. Dessa cena inicial, eles vão sendo aprofundados. Ao final, estamos conhecendo um pouco de cada um – embora, devido à quantidade de personagens e ao baixo tempo do filme, nenhum chega a ser excepcionalmente bem desenvolvido – daí outra justificativa para chamar o filme de “descompromissado”.

Com cara de filme de baixo orçamento, Amigas com Dinheiro foi filmado de forma totalmente convencional e sem invencionismos por parte da diretora. A fotografia delicada possui um colorido bonito, mas sem excessos, o que, sem dúvida, foi uma decisão correta. É um filme muito bom, com bons diálogos e, de forma geral, também é divertido e engraçado. Como foi comentado anteriormente, não deve ser levado a sério, apesar de possuir boas discussões sobre relacionamentos adultos. Bastante recomendável.

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