O pontapé inicial para as comédias besteirol teens americanas foi dado aqui. Porém, prepare-se para rir bastante.
Em meados de 1999 surgia uma comédia diferente, que viria para sempre mudar os rumos, ou deveria dizer "ditar os rumos", dessa nova onda de comédias pastelonas que assolou o mundo no finalzinho da década passada e perdura-se até os dias atuais. Tudo começou praticamente com o primeiro American Pie, logo em seguida tivemos o primeiro Todo Mundo em Pânico, em 2000, e a partir daí esses próprios filmes geraram seus frutos e proporcionaram outros tantos como Gigolô Por Acidente, Não é Mais Um Besteirol Americano e, o mais recente, O Dono da Festa. Mas apesar dessa série ter gerado uma penca grandiosa de filmes sem conteúdo algum, isso não quer dizer que o pioneiro aqui tratado seja um filme ruim. Muito pelo contrário, 'American Pie' é um filme divertido que pode não agradar a todos, é verdade, mas ainda assim é uma comédia muito bem editada e de momentos bem engraçados.
A premissa do filme é bem boba e, acreditem, afasta alguns tipos de pessoas das salas de cinema apenas por sua sinopse. Conheço gente que divertiu-se imensamente com uma continuação do filme, assistindo acidentalmente e, quando perguntada se havia visto o primeiro filme, até espantei-me: a resposta era um "não". Mas oras, quem nunca viu nada de 'American Pie'? A resposta que a pessoa em questão me deu foi justamente a que explicitei, que o indivíduo não tinha visto o primeiro filme por causa de sua premissa. Resumindo a história: acabou gostando de uma das seqüências e prometeu ver o original, afinal, muitas das piadas das seqüências são melhor digeridas quando já se tem gravado em mente o relacionamento de todos aqueles personagens entre si.
O filme conta a história de quatro adolescentes que firmam um pacto totalmente "nerd" semanas antes de se formarem no ginásio. Segundo esse pacto, todos eles deveriam transar com alguma mulher antes de se formarem, ou até exatamente a noite de formatura. Um dos pontos fortes do primeiro 'American Pie' é o ótimo balanço entre personagens femininos e masculinos existentes na trama. Todos eles desfrutam de uma certa individualidade que os torna únicos e bastante familiares ao público, principalmente se esse público for composto por uma faixa etária que varie dos 13 a 25 anos. Mas se você não for uma pessoa muito exigente com comédias, pode acabar se surpreendendo também, afinal, já vi muita gente da terceira idade divertindo-se muito mais com os filmes da série que os próprios "aborrecentes".
O filme é estrelado por Jason Biggs, que faz o papel de Jim, e é de uma cena com ele que vem o nome do filme, a antológica cena com a torta de maçã. Seu envolvimento com seu pai (que não possui nome, em toda série é lembrado apenas como "o pai de Jim") é bem engraçado e, em alguns casos, retrata bem as frustrantes tentativas de pais do século passado que tentam, em vão, conversar com seus filhos sobre assuntos como sexo e masturbação quando os mesmos já estão para lá de iniciados na puberdade e na adolescência.
Mas com certeza um dos principais pontos do filme é o relacionamento de Jim com a siliconada aluna estrangeira Nadia, interpretada pela atriz e modelo Shannon Elizabeth, que faz uma ponta no final de Simplesmente Amor. Com certeza as cenas que se passaram dentro do quarto de Jim arrancaram pelo menos alguns sorrisos, nem que forçados, da platéia. É no primeiro filme também que temos o início do relacionamento de Jim com Michelle Flaherty, que mais tarde viria a ter sumária importância nos rumos da série.
O filme ainda possui outros romacezinhos que enchem a tela, como é o caso do jogador de futebol americano Oz (Chris Klein) e a corista Heather (Mena Suvari, boa revelação que mais tarde estaria estrelando Beleza Americana), um romance bem clichê e previsível que é embalado por uma das melhores músicas da trilha sonora da película em seu final. Também temos o relacionamento de Kevin (Thomas Ian Nicholas) com Vicky (a linda Tara Reid, de O Dono da Festa). O romance desse casal inicialmente é bem engraçado, com Kevin tentando descobrir por "tradições milenares" como dar prazer à sua namorada, entretanto, ao passo em que o filme vai caminhando ao seu desfecho, o ritmo e o romance dos dois vai ficando cada vez mais fraco. A clássica discussão levantada entre os dois de "sexo vs. amor" ficou um tanto quanto inapropriada, mas ainda assim é pouco para apagar o alegre ritmo do filme.
Ah sim, não poderíamos nos esquecer deles, depois do já citado romance entre Jim e Nadia, o trio Stifler (Sean William Scott, que recentemente fez uma engraçada paródia de Matrix Reloaded ao lado do cantor Justin Timberlake no MTV Movie Awards), a mãe de Stifler (Jennifer Coolidge, de Legalmente Loira 2, que assim como o pai de Jim, essa personagem não possui um nome propriamente dito) e Paul Finch (Eddie Keye Thomas). Stifler é um personagem e tanto que viria demonstrar seu potencial em melhor forma nas duas seqüências da série, entretanto, o "relacionamento" (e o jeito) de Finch com a mãe de Stifler desde já arranca ótimas risadas ao final da película.
O que falta adicionarmos a um filme desse para que seja ainda melhor digerido? Sim, uma trilha sonora que agrade em cheio principalmente o público alvo da produção, e isso 'American Pie' faz muito bem. Até os romances mais parados, como o de Oz e Heather, são regados com ótimas canções, como é o caso de Sway, tocada por Bic Runga. O filme ainda possui outras grandes canções, como 'Celebrity Skin' do grupo Hole, 'Mrs. Robinson', 'Rockafella Skank', 'Summertime', entre outros.
Sem me estender mais, recomendaria American Pie para qualquer um que gostaria de assistir uma comédia descompromissada e interessante dessa nova geração de atores e "modelos" que estão surgindo. Este é, com certeza, o melhor filme da série até agora, o que apresenta um balanço perfeito entre os personagens e que usa e abusa de situações nada convencionais para fazer você rir. Uma boa pedida, melhor aproveitada se assistida entre amigos ou em grupo.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário