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Críticas

Cineplayers

O início do levante contra o predomínio da comédia ou a certeza de que estamos cada vez mais "industriais", para o bem e para o mal?

5,0

O que podemos dizer de bom do filme novo do outrora 'espécime raro do cinema nacional' José Eduardo Belmonte? Bem, que bom que o circuito exibidor brasileiro se deu conta de que não podemos viver apenas na dieta de comédias de gosto muito duvidoso capitaneadas por comediantes recém alçados ao posto de sensação, e que nossos produtores identificaram que uma hora esse gênero vai saturar (embora eu ache que ainda demore pra isso acontecer). Investir num outro tipo de gênero, mesmo que venha na escola dos Tropas de Elite/Cidade de Deus, é muito salutar e necessário; ninguém merece viver de continuações de todos os Hassums, Porchats e Ingrids da vida.

Tirando isso, e a coragem de explorar um filme onde o núcleo central se fecha num ambiente único e claustrofóbico por mais de 60% do tempo, e do final incrivelmente ousado para os padrões do gênero, o filme caminha durante sua produção. E basicamente é só isso. Nenhum aspecto técnico é realçado (a não ser a trilha bem ruim), a fotografia não tem um tratamento incomum, a cenografia não prima pela novidade, e o próprio elenco não oferece nada novo ou especial (a não ser Gabriel Braga Nunes e uma canastrice cada vez mais perceptível). Belmonte, por sua vez, também oferece pouco... e isso vindo de um cara que debutou no cinema com A Concepção (2005), e explodiu em talento e vigor com Se Nada Mais Der Certo (2008), a constatação atual é triste. Que ele ao menos consiga lançar o superior O Gorila (2012) com o dinheiro que vai arrecadar desse blockbuster potencial; seria um alento.

A ideia até era muito boa: usar a base real da invasão da polícia no complexo de favelas cariocas para a instalação das famosas UPPs, que contou com imagens impressionantes divulgadas mundo afora da fuga em massa do tráfico vielas afora para contar uma ficção sobre 5 policiais infiltrados na comunidade que funcionavam como uma base de inteligência da polícia no local. Mas no fim das contas tudo é usado de forma convencional e rotineira, quando não 'esburacada' (agradecimentos ao roteiro, que não está nem ai para o desenvolvimento dos personagem).

Fora isso, vale ressaltar que o filme não é burocrático. É bem feitinho, tenso, prende a atenção e conta com algumas (poucas) cenas bem boas, quase todas a cargo de Antônio Fagundes, um grande ator num grande ano. Mas é isso... ao fim da projeção, o que fica de significativo ou marcante, que José Padilha e Fernando Meirelles se encarregaram de fazer? Quase nada.

Comentários (13)

Eduardo da Conceição | domingo, 16 de Março de 2014 - 16:20

É pra falar de favela e crime? http://www.youtube.com/watch?v=EAMIhC0klRo Tá aí, melhor análise que já vi sobre favelas do Rio de Janeiro. E, quanto ao subgênero, é um excelente subgênero, é nossa versão dos filmes de máfia, a diferença é que aqui não temos Joe Pesci atirando na cabeça dos outros, mas o Leandro Firmino da Hora (e, porra, que puta atuação dele é aquela em Cidade de Deus?).

Pedro da Silva | terça-feira, 18 de Março de 2014 - 23:37

A desvalorização da nossa cultura (ou realidade) acho que é o maior mal que tem. No caso, as pessoas costumam a louvar filmes violentos de máfia italiana, mas dizem que \"só tem putaria e palavrão\" os filmes sobre violência do cotidiano brasileiro. Soa até como se a violência estrangeira é melhor e mais bonita que a nossa (sendo que violência é violência). Não é admirável descobrir isso... somos bombardeados a achar que o que vem de fora é bonito e admirável enquanto o que está aqui é desprezível, faz com que sustentemos preconceitos entre nós mesmos, contra nós mesmos... e nada sai do lugar.

Renata Correia Nunes | domingo, 11 de Maio de 2014 - 10:21

Eu senti falta de uma crítuca mais voltada para o filme do que para o seu contexto dentro do cinema nacional.

Para mim, Alemão foi uma boa ideia mal desenvolvida... o roteiro deixou a desejar e a direção foi bem falha, mas apesar disso tudo o filme é agradável, eu não me arrependi de ter assistido.

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