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Críticas

Cineplayers

Piegas, feito para emocionar. E quer saber? Isso pode ser bem interessante.

6,0

O ano é 1981. Chris Gardner é um homem de estudos limitados, mas de raciocínio fora do comum, que sonha em vencer na vida para dar um futuro melhor a sua família: a esposa Linda e o filho Christopher. Gardner arrisca todas as suas economias em scanners de medição de densidade óssea, que revolucionariam a medicina, ainda presa à arcaicos aparelhos de raio-x. Só que os tais scanners de preço proibitivo não se mostraram tão úteis e vendáveis assim, e ele acaba praticamente na falência. E o que pior: desestrutura sua vida ao ponto de ir à miséria e ser abandonado pela esposa. 

É quando Gardner tenta mudar seu destino: resolve tentar um estágio dificílimo e virar um executivo. Em uma época na qual doutorados e MBA’s eram raros, Gardner alia força de vontade e garra para atingir seu almejo, mas enfrenta o fato de não ter dinheiro algum, nem para o seu sustento e do filho, nem para o aluguel. Como o sonhado estágio não lhe provém absolutamente nenhuma remuneração, ele tem que amassar o pão que o roteirista amassou. 

É nessa história de tintas melodramáticas (escrita por Steve Conrad, do chatinho "O Sol de Cada Manhã") que Will Smith encontra o veículo perfeito para uma belíssima atuação, digna de sua segunda indicação ao Oscar. Se por vezes o tom adotado pelo roteiro é inverossímil, é Smith que, com toda a força de sua atuação e carisma, quem está ali, incessantemente na tela, para nos lembrar que é uma história baseada em fatos reais (o Chris Gardner real aparece em uma pontinha, já próximo do final do filme). Pelo sucesso estrondoso do filme nas bilheterias, ele mais uma vez prova que é o grande astro da atualidade, capaz de arrastar multidões aos cinemas seja para qual filme for.

Foi Smith também quem convidou o diretor italiano Gabriele Muccino para dirigir o longa. Muccino, que obteve certo reconhecimento internacional com o sucesso de "O Último Beijo" (que já foi refilmado em Hollywood e está para estrear no Brasil nas próximas semanas, sob o título "Um Beijo a Mais"), é um cineasta sensível, mas nem por isso acima da média. Tanto que o filme posterior a seu sucesso internacional, "No Limite das Emoções" (lançado por aqui direto em DVD) resvalava-se um tanto quanto esquemático e piegas. Surpreendentemente, ele abdica aqui da estrutura formal que o consagrou para lançar mão de uma direção firme, sem firulas na montagem, que faz com que nos importemos com a história sendo contada, mesmo com os vários clichês que o roteiro vai amontoando, um atrás do outro. É nesse ponto que o espectador fica na dúvida sobre o que é real e o que é ficcional.

Uma grata surpresa é ver na tela o pequeno Jaden Smith (filho do astro com a também atriz Jada Pinkett) contracenar tão espontaneamente com o pai, em mais uma revelação mirim em um ano de tantas, como as gracinhas Abigail Breslin (de "Pequena Miss Sunshine") e Ivana Baquero ("O Labirinto do Fauno"). Uma pena que a talentosa Thandie Newton ("Crash – No Limite") suma de cena tão rapidamente, em um papel ingrato e não-desenvolvido.

"À Procura da Felicidade" é um filme piegas, e não tem vergonha de se assumir como tal. É também uma bela história de paternidade, contada de forma emocional poucas vezes vista no cinema nos últimos anos. Leve o lenço e se emocione.

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