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Críticas

Cineplayers

Para os fãs, Cassino Royale, o novo filme de 007, pode ser um total desastre.

5,0

Decepcionante! Esse seria o adjetivo ideal para classificar o novo filme do super agente inglês 007, James Bond. Ok, assumo, é decepcionante apenas para os FÃS! É difícil agradar a todos, sempre vai ter um dizendo que este é melhor que aquele e por aí vai. Mas esse, definitivamente, está longe de ser o melhor, como andam propagando por aí. Lógico, como não poderia deixar de ser, o novo filme, Cassino Royale, tem suas qualidades, que são poucas e em contrapartida, os defeitos são muitos.

Para quem gosta de Bond e até para aqueles que não são fãs da série, já sabem o que esperar de um filme de 007. Ação do início ao fim. Todos vão ao cinema esperando ver isso. Carros bonitos e modernos, a mulher gostosa (ou várias), cenas de perseguições perigosas (nos carros modernos), além das inovações tecnológicas e equipamentos ultra modernos. Neste, nada disso ocorre, e se existe é em escala ínfima.

James Bond é o expoente do inverossímil. Todos sabem que o que acontece durante a projeção é mentira e vão para o cinema para se divertir. Se não assistirmos isso nas franquias 007, onde então veremos? Não é puritanismo da minha parte, mas é que se é para fazer um filme verossímil, então que não leve a chancela 007. Tanto que para atrair ao cinema aqueles que gostam de 007, o trailer só exibe cenas do carro capotando e da linda Green saindo do mar. Ou seja, mostram um 007 que queremos ver e quando entramos no cinema, aí vem a decepção, pois quase nada daquilo é tão legal quanto no trailer. São na realidade momentos isolados na história.

Filmes como 007 são caracterizados por serem mastigáveis, ou seja, o telespectador não precisa pensar. Já de início ele já sabe quem é o mocinho, quem é o bandido e para quem deve torcer. Na realidade o que as pessoas querem é se divertir e não fundir a cabeça tentando entender o filme (como já tinha dito, quem quer filme complicado deve assistir a outra coisa). A única coisa que o telespectador tem de fazer é comer sua pipoca, beber seu refrigerante e curtir os carrões, a mulheres, as paisagens bonitas, etc.

Unanimidade, acredito, seria a boa surpresa que foi a atuação de Daniel Craig (que atuou em Munique). Não houve sequer uma voz dissonante contra a atuação dele. Com boa presença de câmera, excelente atuação e um ótimo timing para ação, Craig segurou bem a história e não deixou que o filme se tornasse chato de vez. Foi uma escolha acertada e que caiu bem. Exceto pelo fato de Craig ser demasiadamente bruto, tirando o ar sofisticado e elegante existente nos 007 de outrora, mas nada demais.

Outro ponto positivo a ser destacado é o roteiro. Adaptado do primeiro livro de Ian Fleming, conta como James Bond conseguiu a licença 007 e sua primeira missão. E é justamente esta missão que define totalmente o futuro de Bond. E quem faz isso? Acertou quem disse a Bond Girl. Eis aí o ponto forte do filme. A Bond Girl, Vesper Lynd, interpretado por Eva Green, que desta vez não teve papel figurativo e (pasmem) é uma garota inteligente. Talvez por isso despertasse a paixão e a confiança de Bond, a ponto do espião largar tudo para ficar com ela. Essa paixão (que lembra filmes adolescentes) foi a responsável por moldar, no futuro 007 sua ojeriza pelo amor verdadeiro e sua verdadeira devoção e insaciável desejo por mulheres bonitas e vazias de conteúdo, portanto, fáceis de serem manipuladas. Ou seja, o oposto de Vesper Lynd, a atual.

Eva Green é linda, mas foram cotadas outras para o seu lugar, entre elas estariam Naomi Watts, Aishwarya Rai, Charlize Theron, Thandie Newton, Angelina Jolie, Rachel McAdams, Caterina Murino, Sienna Miller, Rose Byrne, Rachel Stirling, Natasha Henstridge, Jessica Simpson e Scarlett Johansson. E caso queiram saber minha modesta opinião, Scarlett Johansson se sairia melhor que Eva.

Neste novo filme foi feita uma total releitura da maneira como 007 era representado. Antigamente 007 era sinônimo de um homem austero, elegante e capaz de feitos impossíveis, lógico, com ajuda de suas máquinas de última geração. Em Cassino Royale não. É uma história que não mantém o ritmo e que na metade fica totalmente chata e parada. O motivo? Um jogo de cartas e apostas milionárias em nome do tesouro nacional. Cenas de ação - nem sempre tão empolgantes assim - são intercaladas com longos excessivos períodos de estagnação numa mesa de apostas. O jogo, para quem não sabe é o poquer, estilo Texas Hold'em (na vida real ele atrai apostas de até US$ 20 milhões), entretanto, no livro, o jogo principal era o Bacará, famoso por ser jogado no sul da França.

O grande erro do filme está aí, neste jogo de cartas. Ele não poderia tomar tanto tempo da história. Justamente por causa deste jogo, o roteiro acaba abrindo brechas e furos na história, não explicando muito bem algumas passagens. A impressão que temos é de que a coisas vão acontecendo de sopetão e por sorte Bond chega ao vilão. E não através de uma investigação.

Até dá para se divertir com Cassino Royale, mas, como disse no início, definitivamente, este não é (e nunca será) o melhor filme da franquia. Um aviso para quem for assistir: desta vez não vá esperando ver um legítimo 007 e sim, um filme qualquer, com um enredo qualquer e que por ironia do destino levou a chancela 007 em seu título.

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