[Simon Pegg inferniza o mundo das celebridades numa comédia engraçada, mas que em momentos tenta ser o que não é]
É muito fácil chamar a atenção das pessoas com um filme engraçadinho, carregado de sarcasmo e referências cinematográficas e com uma subtrama romântica pra segurar o público adolescente na poltrona. O que não é fácil é fazer com que esse filme seja original e não um pastiche.E sem que para isso tenha que perder a graça. A comédia How to Lose Friends and Alienate People – no Brasil, porcamente traduzido pra Um Louco Apaixonado- consegue contornar essa mediocridade das comédias pastelão e encontrar espaço no enredo para uma trama amorosa sem explorar necessariamente as fórmulas românticas.
Sem explorar nenhum tema excêntrico ou inusitado , o filme tem como premissa o mundo das celebridades. Sua fonte, o livro de memórias homônimo de Toby Young que conta como passou cinco anos em Nova Iorque tentando virar editor da revista Vanity Fair para em seguida chutar o balde das estrelas e personalidades com seu humor ácido e pernicioso. Para interpretar o jornalista britânico nada melhor que um típico glutão da terra da rainha. O nome que estrela essa brincadeira é o de Simon Pegg. do impagável Todo Mundo Quase Morto. A escolha não poderia ter sido melhor.
Humorista de primeira, Pegg sabe como ninguém aliar gags físicas com humor refinado. No filme, seu personagem Sidney Young é um jornalista inglês que sempre devotou as celebridades do cinema de forma tão amarga quanto fascinada. Filho de atriz, o papparazi é dono da revista picareta Post Modern Review, que se presta a satirizar e meter o dedo na ferida dos famosos. Sem mais nem menos, Young é convidado por Clayton Harding (Jeff Bridges) para trabalhar na Revista Sharps – evidentemente a Vanity Fair. Grande admirador do trabalho do editor americano, ele parte imediatamente para Nova Iorque para buscar tudo aquilo que sempre idealizou. Sucesso profissional, financeiro, social e sexual tudo isso faz parte do seu sonho. O que ele não imaginava é que para obter esses fins teria que mudar a filosofia dos seus meios.
Como todo mundo sabe, a mídia e a imprensa americana têm uma forma de trabalhar totalmente oposta ao da britânica. Enquanto na Inglaterra os jornalistas saciam os tablóides com a vexação pública das celebridades, os periódicos norte-americanos optam por uma cultura de contemplação das estrelas. Acontece que Young não consegue se enquadrar a esse sistema de bajulação em troca de ascensão profissional. Sorte dele, ter a companhia de Allison Olsen (Kirsten Dunst), colega de redação que aos poucos tenta adequá-lo ao emprego, mesmo que o próprio não tenha muita vontade disso. O problema é que ele bate de frente com Lawrence Maddox (Danny Houston), chefe da sua seção que não tolera seu jeito grosseiro. Pra piorar, apaixona-se pela atriz do momento Sophie Maes ( a cada vez mais linda Megan Fox). Confusões com atrizes, junkies, um cachorro morto e um travesti são as ranhuras de sua caminhada às avessas pelo sucesso.
Primeiro longa-metragem na carreira, Robert B. Weide assina a direção mostrando competência e uma veia cômica sofisticada, mas que ainda pode ser lapidada. Dentre erros e acertos, a virtude maior do seu trabalho, foi não ter perdido o foco do humor quando a narrativa adentrou no romance. Mesmo que a aproximação entre Young e Allison seja um recurso matematicamente engendrado ao espectador, o cineasta consegue extrair uma abordagem simpática dessa situação. Para isso, contou com a qualidade dos protagonistas, principalmente de Pegg. Com ele, a gargalhada é garantida, além de render momentos impagáveis. Uma das cenas mais engraçadas é quando ele recebe o convite de Harding para trabalhar na sua revista. Achando que seria insultado pelo editor resolve ironizá-lo respondendo-lhe com uma frase famosa de James Stuart do filme Felicidade não se Compra. Também surgem referências a Grande Lebowski, Conair, Fritz Lang e ao filme A Doce Vida Metalinguagens que ora soam condizentes e em outras revelam pedantismo. Detalhes que não apagam a boa impressão de um trabalho acima da média para o gênero.
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