[Conflito de palestinos e israelenses dá pano pra manga a uma comovente história real ]
Lemon Tree chegou aos cinemas brasileiros no ano passado com o título de Lemon Tree. A opção da distribuidora brasileira em preservar o nome original do filme talvez tenha pesado para sua fraca divulgação aqui no país. Outra justificativa talvez seja porque o longa-metragem se baseia num evento isolado do conflito Israel/Palestina, que ninguém aguenta mais ouvir falar. Quem se animar a assisti-lo, no entanto, não irá se decepcionar, pois se trata de mais um competente trabalho do diretor israelense Eran Riklis (Noiva Síria) que novamente leva para as telas uma comovente história real. Filho de embaixador israelense, o cineasta viveu no Brasil nos anos 70 e numa recente entrevista se diz carioca de coração. No filme, ele presta uma mensagem ao nosso país, visível aos olhares mais atentos.
Salma Zidane (Hiam Abbas) é uma viúva palestina de meia-idade que sobrevive com a venda de compotas de limão, retiradas do solo de sua propriedade, com quem detém um forte laço. Embora solitária e calejada pela perda do marido, leva uma vida sem grandes preocupações. Tudo muda com a chegada do novo vizinho: ninguém menos que o Ministro de Segurança Israelense, Israel Navon (Doron Tavory). Cercas elétricas, arames farpados, guaritas e câmeras de segurança acompanham o representante militar juntamente com sua infeliz esposa Mira Navon (Rona Lipaz-Michael).
Devido a uma questão de proteção apresentada pela Força de Segurança Israelense, o ministro envia um comunicado a viúva alertando-a de que os limoeiros terão que ser derrubados. A justificativa é de que a plantação representa um perigo iminente, uma vez que serve de esconderijo para que algum terrorista cometa um atentado. A partir daí, Salma empenhará todas as suas forças numa batalha judicial pela manutenção de sua propriedade. Encantado com a personalidade forte e a beleza ainda presente da viúva, o advogado, Ziad Daud -que aparece com uma blusa da seleção brasileira- leva o caso até as últimas instâncias judiciais. Do outro lado da cerca que divide as duas propriedades, Mira se compadece com o sofrimento de Salma, tornando-se cúmplices da dor que causa a intolerância entre os dois países.
Baseado no ponto de vista das duas mulheres, Lemon Tree nos mostra as repercussões do caso dos limoeiros, sob o flerte feminino. O bom desempenho das atrizes contribui para a mensagem pacifista do filme. Hiam Abbas que já havia mostrado seu talento em A Noiva Síria e recentemente em O Visitante, possui um olhar forte e determinado; de quem já perdeu muito na vida, mas se recusa a abandonar as raízes e o seu orgulho. É uma grande intérprete. Mas quem surpreende mesmo é a desconhecida Rona Lipaz-Michael. A esposa do ministro compõe uma mulher distinta, que oculta dentro de sua elegância. nobres sentimentos de empatia com as injustiças impostas pela guerra.
Sob o olhar fraterno de Eran Riklis, o filme chega a seu desfecho, com o sabor amargo da intolerância, mesmo que haja uma pontinha de compaixão ao lado mais fraco da guerra; os civis palestinos que vivem sob o fogo cruzado atiçado pelos conterrâneos terroristas. Sem adotar simbolismos, o diretor nos passa a mensagem clara que no conflito entre Israel e Palestina, todos perdem de alguma forma.
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