[Indicado ao Oscar de melhor produção estrangeira, filme mostra o ponto de partida da lenda do guerreiro mongol]
Contestar a veracidade histórica de O Guerreiro Genghis Khan não seria uma injustiça. O mito criado em torno do conquistador mongol (1162-1227) carrega em seus registros não apenas um legado de heroísmo e sabedoria na arte da guerra. Acompanha também um ranço de crueldade dedicado aos seus inimigos. O épico do diretor russo Sergei Bodrov preferiu deixar de lado essa nuance obscura do guerreiro.
Distante de querer ser um tratado sobre a ascensão do império mongol, o filme trata do período de transformação do jovem Genghis Khan, que de escravo abandonado pelo seu povo tornou-se herói máximo de sua civilização.
O roteiro escrito por Bodrov em parceria com o colaborador Arif Aliyev acompanha a saga do protagonista desde sua infância em 1172, quando ainda era conhecido pelo nome de batismo, Temudgin (Odnyam Odsuren). Durante uma viagem, o garoto, então com nove anos, se vê às voltas com a morte do pai, líder da tribo, assassinado por um clã rival.
Segundo os costumes, quando o Khan (rei tribal) é eliminado, sua família é abandonada pelo povoado e o primogênito perseguido pelo algoz. É o que acontece com o garoto que se torna um fugitivo. Para sobreviver, devota sua fé na lenda xamânica do lobo cinzento que devora a Terra.
Em suas andanças, Temudgin tem sua vida salva, não pelo lobo – que é mais uma metáfora do que seu império viria a ser tornar -, mas pelo garoto Jamukha (Amarbold Tuyshinbayar). A amizade é imediata e faz com que os dois selem um pacto de sangue, tornando-se irmãos. Quando Borte (Khulan Chuluun), mulher de Temugin, é roubada pela tribo dos Merkit, ambos dão início a uma sangrenta batalha contra os raptores. Mais tarde tornam-se os Khans mais temidos da Mongólia, e consequentemente, inimigos de morte.
As batalhas entre as tribos eclodem sem respeitar os códigos de guerra. Após ser capturado e preso no reino de Tangut, Temugin foge da prisão e une todas as tribos mongóis sob uma mesma lei. Regidos pela lei da espada, seu exército passa a aniquilar todos os focos de resistência, dos quais Jamukha é o principal líder.
Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008, “O Guerreiro Genghis Khan” teve locações entre Cazaquistão, Mongólia e China. Para um épico estrangeiro, o filme até que teve uma produção bem caprichada. O conjunto entre fotografia, figurino, efeitos especiais e trilha sonora rendeu louros, formando um todo competente.
Quanto ao filme em si, o maior mérito de Bodrov foi ter focado o enredo nos propósitos e não nos resultados de Genghis Khan. Outro destaque foi realçar a união de Temudgin com sua companheira Borte, fiel escudeira, conselheira e devota. Quase uma Maria Bonita. Fez tudo isso, sem deformar a essência do líder que antes de morrer em 1227 teria dominado metade da civilização.
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