[Produção espanhola é baseada em best seller erótico]
O único aspecto que difere Diário Proibido daquelas produções canhestras que passam nas madrugadas de sábado no canal Bandeirantes é o conjunto de atores que o aspirante a diretor Christian Molina conseguiu reunir na sua produção. Seu filme é uma adaptação do best seller Diario de una ninfómana escrito pela francesa Valére Tasso. Somente na Espanha, onde a autora vivenciou suas aventuras sexuais, o livro da Bruna Surfistinha francesa vendeu 200 mil exemplares.
Na trama, Valére é uma garota de boa família que leva uma vida tranqüila, trabalhando como secretaria executiva em Barcelona. Nas horas vagas, visita a avó, sua fiel confidente, a quem devota um carinho maternal. É com ela que a garota desabafa suas frustrações, seu medo do escuro e outras dificuldades que enfrenta na vida de solteira. O que ela não revela em detalhes, mas apenas em indiretas, é seu maior vício: o sexo.
No diário que começa a escrever a conselho da avó, ela relata toda a voracidade sexual que carrega desde a adolescência. Com quase 30 anos e sem um parceiro fixo, começa a cogitar uma vida a dois, pois mesmo que partilhe muitos homens ao mesmo tempo, acaba sempre se magoando cada vez que termina com alguém. Para levar essa ideia adiante, ela primeiro teria que se apaixonar, coisa que nunca havia acontecido. Isso acontece quando ela conhece um empresário, que parece ser a solução de seus problemas.
Em pouco tempo, Valére está casada e devota ao marido, mesmo ele não sendo um Casanova entre quatro paredes. Tão logo se apaixona e o sonho da garota vira um pesadelo, encarnado num sujeito violento e possessivo que a submete a pior decepção na vida. Divorciada e desiludida, vai parar num bordel de luxo onde trabalha no que sabe fazer melhor. Mas quem disse que fazer o que gosta lhe trará satisfação?
[ Ninfomania mal resolvida]
Se boas intenções fosse sinônimo de qualidade, Diário Proibido talvez até passasse pelo crivo da autenticidade. Acontece que a dinâmica da personagem e o aprofundamento raso do roteiro impelem qualquer virtude ao filme. Primeiro a protagonista aparece como aquela mulher resolvida, que faz e acontece. Não liga muito se a colega de trabalho a repreende pelos excessos e justifica suas atitudes pela “patologia do sexo”, que julga ser apenas um preconceito masculino. Aí, a típica feminista se torna duma hora pra outra uma mulher frígida e manipulável e daí para uma prostituta infeliz. Por mais que o roteiro seja adaptado, o diretor não consegue livrar as transições da personagem de uma canastrice mal elaborada. E o pior (ou melhor, depende do contexto): resume todas as obsessões da garota em cenas de sexo.
Só mesmo os atores pra salvar o filme da catástrofe. A atriz Belén Fabra que interpreta a protagonista fez o melhor que pôde, principalmente nos momentos dramáticos. O ator Leonardo Sbaraglia que faz o marido ciumento tem uma aparição curta, mas bastante competente. A avó da garota é interpretada pela veterana Geraldine Chaplin, que já trabalhou com ninguém menos que David Lean, Pedro Almodóvar e Robert Altman. Apesar do bom elenco e da temática sugestiva, há poucos adjetivos favoráveis a Diário Proibido.
Existem lá no fundo desse abacaxi umas mensagens sobre a visão estereotipada da promiscuidade feminina ou da difícil “vida fácil” das mulheres que se sujeitam a prostituição. Assuntos requentados e mal abordados, tocados a vapor por clichês mal fundamentados. É até contraditório que um filme sobre ninfomania seja tão impotente e estéril.
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