[Filme é baseado no best-seller homônimo de Sophie Kinsella]
“Rebecca sou eu. São minhas irmãs. São todas as minhas amigas que já saíram para comprar um chocolate e voltaram para casa com um par de botas. Rebecca é todas as mulheres (e homens) que já se viram parados diante de uma vitrine e souberam, com certeza absoluta, que precisavam comprar aquele casaco e… ai, meu Deus, calças que combinassem com ele!” Sophie Kinsella
Confessions of a Shopaholic é o primeiro de uma série de cinco livros sobre Rebecca Bloomwood, uma jornalista especializada na área de finanças e em banhos de loja. Apesar de trabalhar no ramo financeiro, a garota nada entende de economia. Seu know-how é ir a shoppings torrar as últimas cifras dos cartões de crédito, enrolar credores e rebolar pra quitar as dívidas. A obra escrita por Sophie Kinsella veio ao Brasil com o título Os delírios de consumo de Becky Bloom e ganhou nesse ano uma adaptação no cinema.
Com o mesmo nome do livro, o filme é estrelado por Isla Fisher (Penetras bom de bico) que dá vida a compulsiva Becky Bloom. Apaixonada por compras, a única ambição da garota, além de flertar as vitrines de Nova York, é trabalhar na revista de moda Alette, sonho que alimenta desde criança. Para chegar lá, ela é aconselhada a pegar um atalho numa publicação de economia chefiada pelo ambicioso Luke Brandon (Hugh Dancy). A espontaneidade do texto de Becky encanta o editor que a contrata na tentativa de tornar a revista atrativa para o consumidor médio. O charme casual e o sotaque britânico carregado de Brandon tornam a atração recíproca - e todo mundo sabe no que isso vai dar…
Em pouco tempo, a coluna assinada pela “garota da echarpe verde”, faz sucesso no mercado. Embora forneça dicas valiosas sobre finanças e o uso correto do cartão de crédito, o saldo bancário de Becky Bloom continua no vermelho. Sua situação piora ainda mais quando passa a ser perseguida por um credor implacável que não medirá esforços pra cortas as asas da mocinha.
À distância, devido a premissa da jovem-jornalista-que-cai-de-paráquedas-num-mundo-que-não-é-seu, Os delírios de consumo de Becky Bloom pode lembrar O Diabo Veste Prada. Só que isso é o mesmo que comparar o Obina com o Lionel Messi. Numa gíria feminina, equivale a dizer que acessórios da Gucci e da Renner são a mesma coisa. O diretor P.J. Hogan até adicionou nessa comédia romântica elementos que refletissem a crise financeira americana. O sofrimento da protagonista com seus 12 cartões de crédito e o bata-papo com as “vitrines falantes” pontuam bem essa crítica.
Mesmo caricata, Isla Fisher tem uma atuação divertida e carismática. É uma pena que o roteiro tenha valorizado demais as situações secundárias da personagem – a fuga, as mentirinhas bobas, o romance com o editor - e passa rápido por outras mais importantes – sua impulsividade, a rotina como colunista, a cura do seu “vício”. O desfecho até rende um caldo, embora seja explícito o “dedo do produtor” no que diz respeito a filmes do gênero.
O fato de Sophie Kinsella ser jornalista de economia pode levar as pessoas a crer que a obra que originou o filme é autobiográfica. Mas não. A escritora é extremamente cautelosa com seu dinheiro, costuma aproveitar liquidações e possui bom relacionamento com o gerente do seu banco. Nem é preciso dizer que um filme inspirado no livro de uma mulher sobre uma garota que adora compras agradará mais ao público feminino. Mas não tem contra-indicações. Afinal, que atire a primeira pedra o marmanjo que não se divertiu - pelo menos um pouquinho - com o Diário de Bridget Jones…
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