[Filme de Marc Foster acerta nas cores mas peca pelo formalismo]
Adaptação do best-seller homônimo de Khaled Hosseini, Caçador de Pipas tem sua história centrada na infância do menino Amir (Zekiria Ebrahimi) , um garoto mimado e com dom para escrever contos. Seu melhor amigo é Hassan (Ahmad Khan Mahmoodzada), filho de um empregado do pai e seu fiel protetor. Companheiros inseparáveis, o maior divertimento deles é empinar pipas pelas ruas de Cabul, no Afeganistão.
Enquanto Amir possui a habilidade de cortar a pipa dos adversários, Hassan é exímio na tarefa de encontrá-las. Durante uma competição, a amizade dos dois é abalada quando Hassan é violentado por garotos de uma etnia rival.
Em vez de defendê-lo Amir assisti a tudo escondido.Seu constrangimento e sentimento de culpa logo se transformam em aversão ao amigo. O rompimento da amizade torna-se um problema secundário quando a União Soviética invade o país. Amir e seu pai refugiam-se nos Estados Unidos.
Já Hassan e a família permanecem em Cabul onde enfrentam a transição do governo soviético para o regime talibã. Quando se torna adulto, Amir ( a esta altura vivido por Khalid Abdalla, de Vôo 93) vira um escritor de sucesso. Prestes a se casar, ele recebe uma carta que o obrigará a retornar para a terra natal e encarar o seu passado.
Para quem não leu a obra de Hosseini - que é o meu caso-, fica difícil dizer se a história poderia ou não ter sido mais bem ambientada. Quem acompanhou a transposição do livro para o cinema diz que o diretor Marc Foster - para o bem ou para o mal da classificação indicativa- pegou leve com as passagens mais espinhosas do enredo original. De um modo geral Caçador de Pipas é um filme simpático, coeso e acadêmico; com arestas bem aparadas, mas sem identidade.
É estranho assimila-lo com trabalhos anteriores de Foster como A Última Ceia, Em Busca da Terra do Nunca e Mais estranho que a ficção, muito mais ousados e inspiradores. Com um texto burocrático e tipicamente feito sob encomenda, o roteiro assinado por David Benioff ( do incipiente Tróia) parece que vai no piloto automático. Ou seja, não encanta, porém não decepciona.
Em termos de produção, o filme é eficiente. Tem uma fotografia primorosa que capta bem as cores quentes da China Ocidental, usada como cenário para obter um clima fidedigno com a realidade de Cabul. Louvável também foi o empenho dos produtores em rodar a primeira parte do filme no dialeto dari.
Além disso, nada mais do que um mero exercício de autorepetição das grandes produtoras: adaptar best-sellers em tempo hábil para se tornarem filmes financeiramente viáveis e artisticamente rasos.
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