A ficção científica, na minha concepção, sempre teve uma enorme vantagem em relação aos filmes de horror. Enquanto Jason, Pazuzu, Pinhead, Drácula e outros bizonhos são fáceis de aceitar como apenas fruto da imaginação dos seres humanos, que sugadores de sangue, demônios bíblicos e assassinos imortais não existem, o mesmo não pode ser dito de alienígenas e sociedades futuristas, mas estéreis, que ser mostram uma irônica segunda era medieval cheia de torturas psicológicas e físicas. Ver um fantasma, afinal de contas, pode ser bem menos traumático que a visão de um alienígena, e este sim criaria uma verdadeira quebra de realidade. A ciência avançada se mostra afinal de contas, mais assustadora que o sobrenatural, e se torna mais intensa quando se propõe a responder as primeiras questões da humanidade: Quem somos, e de onde viemos?
Em 2098, um grupo de pesquisadores descobre, em uma ilha da Escócia, uma caverna contendo desenhos rupestres que parecem formar uma mensagem de que seres alienígenas visitaram o planeta Terra há milhares de anos. A nova descoberta, quando somada a outras evidências espalhadas pelo mundo e retratadas por diferentes civilizações em diferentes épocas, convence a Corporação Weyland a enviar a nave exploratória Prometheus a uma galáxia distante em busca das origens do homem. O horror que encontram pode causar o fim de toda a humanidade.
Em resumo, o filme é excelente. Na onda dos prequels (termo utilizado para filmes nos quais a trama se passa em um momento anterior a outro filme), Ridley Scott resolveu mostrar o que aconteceu antes de Alien – O Oitavo Passageiro (1979). Mas não espere que o filme decifre todos os mistérios por você, o que decepcionou muita gente. Habilidosamente, Scott aborda questões muito sensíveis, principalmente em relação às formas de vida artificiais, os androides. Enquanto os humanos se questionam acerca do motivo que os chamados “Engenheiros” os teriam criado, estes respondem a mesma pergunta ao questionamento do androide: “Nós o criamos porque podemos.” A história de Prometheus em seus primeiros momentos, lembra de certa forma o mistério do série Lost. Em seguida, temos o lugar comum dos filmes de ficção: tripulantes despertando da hibernação; conhecendo uns aos outros e se estranhando; conhecendo o objetivo da missão e finalmente aterrissando em um planeta desconhecido que se revela tão perigoso quanto o inferno dos Cenobitas. A partir de então, entramos em um cenário que parece ter sido escrito por H.P. Lovecraft em pessoa. Prometheus é um sucesso no que se propôs desde sua origem: Assustar. Alguns elementos são repetitivos, como a tripulação composta por metade de imbecis que ao menor indício de perigo enlouquecem, o Andróide de comportamento suspeito (às vezes ele pode ser mais assustador que os aliens em si) e a sequência de acontecimentos do tipo “salve-se quem puder”. Alguns monstros não possuem a menor criatividade, mas filme provoca a curiosidade do espectador até os créditos finais, e embora mostre tudo, inclusive a criação do famoso Alien, pouco explica. Tudo bem assim mesmo.
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