Geralmente não gosto de filmes com animais. Na verdade não gosto do tema, e o motivo é que em sua maioria são filmes infantis ou que apelam para sensibilizar aqueles que são mais suscetíveis à dor dos animais que a dos humanos. Inclusive sou um desses. Além de ser “filme de cavalo” e trazer as melosas inscrições na capa “Separados pela guerra. Testados pela batalha. Unidos pela amizade.”, e ter concorrido ao Oscar em uma das piores seleções que me lembro, resolvi ignorar tudo isso.
Os Narracott, uma pequena família de agricultores ingleses, passa por dificuldades quando seu patriarca, motivado pelo orgulho, compra por uma pequena fortuna um cavalo forte, veloz e vistoso, mas que não serve para o trabalho. Prestes a perder a fazenda porque o cavalo “não quer” arar o campo, a única esperança é a afinidade de seu filho, Albert, com o equino. Mas quando a Primeira Guerra Mundial estoura, Joey é enviado para servir ao país. Então,acompanhamos as aventuras do quadrúpede em zona de guerra, chegando até a trocar de lado, ao mesmo tempo em que somos introduzidos na vida de alguns personagens que também acabam se aproximando de Joey.
Em resumo, o filme é bom. Os momentos iniciais de Cavalo de Guerra lembram um desenho da Disney. Campos verdes, vida feliz e despreocupada. O interesse de Albert pelo cavalo começa desde que presencia seu nascimento no campo, e se torna uma espécie de amor, estranho amor (com o perdão da Xuxa). Mas o nível melhora ao acompanharmos o drama dos Narracott com a plantação, ainda que também não traga nada imprevisível. Quando a guerra contra a Alemanha começa, Cavalo de Guerra vai se tornando mais interessante. Joey divide sua história com um jovem oficial inglês, dois soldados alemães, uma garotinha francesa e seu avô. Joey arou fazendas, foi montaria de oficiais, transportou feridos, ajudou na fuga de desertores e puxou canhões de guerra em várias histórias que nem sempre chegaram a um final feliz. Talvez o melhor momento do filme, seja quando em meio ao campo de guerra, dois soldados de lados diferentes se unem para resgatar o cavalo, rendendo um diálogo bem interessante. Aliás, li em algum lugar que durante a Primeira Guerra, as altas taxas de desperdício de munição e baixa incidência de acertos nos alvos se devia a um certo descrédito dos soldados acerca das razões do conflito. Cavalo de Guerra superou minhas péssimas expectativas, apesar de algumas forçadas de Steven Spielberg.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário