“Eles não poderiam se detestar mais…e não poderiam precisar tanto um do outro. O último lugar onde esperariam estar seria do mesmo lado. Mesmo que por apenas 48 horas.” Essa era a frase em um dos pôsteres promocionais da época do lançamento de 48 horas, mais um grande filme de ação dirigido por Walter Hill. Para as novas gerações pode parecer apenas mais um roteiro repetido no gênero policial. Dupla de parceiros que se detestam no início, mas depois se tornam amigos inseparáveis. Mas é assim que nascem os clichês cinematográficos, copiados de produções de sucesso como 48 horas. Às vezes me pego imaginando o que poderia ter acontecido caso Walter Hill tivesse tido a oportunidade de escrever e dirigir algum longa metragem de Dirty Harry estrelado por Clint Eastwood. “Get the hell out of my way!” Apostaria em um Magnum Opus.
Jack Cates (Nick Nolte) é um policial de San Francisco (mesma cidade de Dirty Harry). Para uma terra violenta, um policial ultra-violento. Após se envolver por acaso em uma ação policial que termina com dois detetives assassinados por uma dupla de criminosos, Jack está disposto a mover o inferno do lugar para encontrar os matadores, mesmo sem suporte oficial de seu departamento. Falsificando documentos, Cates retira da prisão o malandro Reggie Hammond (Eddie Muphy) que, sob sua custódia por apenas 48 horas, é a única esperança de rastrear os fugitivos.
Em resumo, o filme é ótimo. Se você tem menos de vinte anos, não deve estar habituado a esse tipo de ação policial. Vai achar que o protagonista não é muito malhado e nem mesmo sabe lutar jiu-jítsu, que seu revólver é antigo e dispara poucas balas, vai reclamar que morre pouca gente, não vai considerar os vilões maus o suficiente, e as garotas pouco gostosas. Mas você pode ser jovem e pouco demente. 48 horas segue bem o padrão que Walter Hill vinha formando: filme enxuto, direto, com protagonistas marrentos e vilões cruéis, repleto de ótimas cenas de ação com exageros na medida certa. Nick Nolte faz um policial cabeça quente que usa a violência para encurtar as coisas. Isso fica bem claro em uma cena na qual diz ao personagem Reggie depois de algumas frustrações no caso: “Cansei disso. Diga logo o que está escondendo ou vou te encher de porrada.” Em seguida começa a espancar o malandro, mas este reage e a briga só termina com a chegada da polícia, finalizando em uma cena hilária. Eddie Muphy estava começando aqui. Apesar de ser responsável pelo alívio cômico da trama, era um humor um pouco mais sério que seus papéis em Um Tira da Pesada ou O Rapto do Menino Dourado. Atualmente ele acredita que morremos de rir apenas por vermos seus dentes em sorrisos exagerados nos roteiros infantis de seus filmes. Foram 48 horas tão bem aproveitadas que renderam mais 48 horas em 1990.
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