Charles Chaplin e sua magia em modificar o episódio mais trágico da História em uma linda comédia
A guerra
A Segunda Guerra Mundial ficou na história por ser altamente desumana e ocasionar muitas mortes, uma verdadeira chacina em populações diferentes, principalmente os judeus, grupo que me incluo, a guerra é tão brutal que a definição dada por Marlon Brando no maravilhoso final de Apocalypse Now (apesar de se ambientar em outra guerra, a do Vietnã) é a mais fiel possível, porque nada a explica, o objetivo da guerra se perde quando ela começa.
Essa Segunda Guerra foi cenário de muitos filmes em todo mundo, um dos mais recentes, o Bastardos Inglórios, do Quentin Tarantino, também satirizou o exército nazista e a maior figura desse fato, Hitler. Digo, também satirizou porque O Grande Ditador faz isso com maestria.
Chaplin e sua obra
Charles Chaplin sempre protagonizava, dirigia e roteirizava seus filmes, com este não foi diferente, o inglês que teve uma infância difícil, enfrentando um problema muito conhecido em todo mundo, a pobreza, se tornou um dos maiores gênios do cinema. Há rumores que alegam que Chaplin era judeu, independente de ser ou não, a guerra o tocou profundamente e ele projetou esse espetáculo que é O Grande Ditador. Somente Chaplin para fazer um lindo filme de uma ferida dolorosa na humanidade, ainda com grandes pitadas de humor, fazendo dois papéis opostos, o do barbeiro judeu e um Hitler satirizado.
O personagem título é Adenoid Hynkel, um louco temperamental que pensa ter o mundo em suas mãos, essa alusão pode ser vista na bela cena do ditador brincando com o globo do mundo, mostrando que seu personagem, como Hitler, não tinha ideia dos absurdos que fazia e muito menos valores humanitários.
Já o barbeiro era o típico tramp que estava presente nos filmes do Chaplin, atrapalhado, confuso e dono de um coração imenso, ingênuo e alheio à guerra, o barbeiro torna a sua fuga, do exército nazista, uma diversão aos espectadores.
Com vários elementos hilários e dotados de sarcasmo, como o encontro do pseudo Hitler com o pseudo Mussolini, O Grande Ditador é um filme ímpar, só que o que o faz um filme extraordinário é o discurso final.
O discurso final, o desabafo de Chaplin
Nesse filme Chaplin finalmente fala, Chaplin sempre foi magnífico sem usar nenhuma palavra em seus longas, sua linguagem dizia muitas coisas sem formar nenhum som. Só que O Grande Ditador tem excelentes diálogos e seu tradicional tramp faz um dos maiores discursos que o cinema já viu. Com um texto inspirado, o barbeiro, ao ser iludido com o ditador (acontecimento irônico, dando a entender que o somos muito mais parecidos do que podemos imaginar), faz um discurso, na verdade é nesse momento que não fala o personagem, fala o homem, Chaplin, olhando para câmera com vivacidade, falando diretamente com o espectador, Chaplin faz uma análise sobre o que nós precisamos, onde está a beleza da vida, completamente avessa à guerra, que parte quando ela se aproxima, as palavras de Chaplin ecoam no coração de todos nós, não há como não se sentir tocado, é marcante e arrepia.
"Eu não sei com que armas a Terceira Guerra Mundial acontecerá, mas a Quarta Guerra será lutada com paus e pedras."
Albert Einstein
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