No Brasil, é comum ver a transposição de seriados televisivos para as telonas, principalmente as sitcoms. Na década passada, "Os Normais" e "A Grande Família" foram alguns exemplos que ganharam sua versão cinematográfica. Me lembro que todos foram unanimemente criticados por não conseguirem fazer uma boa adaptação e manterem a linguagem da televisão, gerando um filme puramente comercial, fraco de conteúdo e dispensável. Em "Cilada.com", Bruno Mazzeo segue o mesmo caminho burocrático, renegando o potencial que o excelente programa possuía em suas seis temporadas exibidas no Multishow entre 2005 e 2009.
A história é tão banal que poderia render com mais eficiência em um episódio qualquer do seriado. Bruno é um publicitário que namora Fernanda, e após ser pego envolvido com outra na frente de uma multidão, têm um vídeo dele brochando publicado na internet por vingança. Enquanto tenta pedir desculpas, Bruno também procura uma maneira de melhorar sua reputação, já esgotada por conta da viralização de sua 'performance'.
Com alguns temas que são constantemente explorados pelas comédias românticas brasileiras (Sexo, Amor e Traição...), a novidade está na influência das mídias virtuais. Quando vi que "Cilada.com" utilizava os vídeos do YouTube como referência para o enredo, esperava muitas piadas novas, situações criativas e um e roteiro inspirado. Veio a decepção. Cilada é sim um filme engraçado, apelativo ao extremo - mas no limite do aceitável - e com boas atuações, mas nunca deixa de ser uma experiência descartável.
A direção de José Alvarenga Jr. a princípio não comete grandes falhas. Acostumado a conduzir longas desse gênero (um dos títulos que citei no primeiro parágrafo também ganhou realização dele), ele consegue criar um formato um pouco diferente do antigo "Cilada" e até ai, se sai bem. Começamos a perceber sua insegurança ao focar, durante os momentos de constrangimento, as reações das pessoas e não a própria situação, um erro que acompanha seu histórico em outras direções. Esses e outros desvios nas partes cômicas são o principal defeito do filme.
Na sessão em que estive, percebi que o público se divertia bastante (e reparei na saída que a maioria não parecia ter mais que 25 anos). Acho que o entretenimento se deve mais às excelentes interpretações do protagonista, de Sergio Loroza (em um papel hilário) e outros integrantes que colocam o filme para funcionar. Todos ali são bons comediantes e disso não dá pra reclamar.
O problema se encontra no preenchimento narrativo, na hora da emoção ou da verdadeira graça, onde não existe nada além do óbvio rumo traçado. Quando os créditos começaram a descer, me convenci de que esta empreitada de Bruno Mazzeo não é nada além de pretensiosa e prescindível. E pra essa cilada, acho que nem ele estava preparado.
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