Look closer...
Logo em seu primeiro longa, o diretor Sam Mendes dá um belo passo a frente e ganha espaço para uma promissora carreira atrás das câmeras.
Já um veterano nos palcos de teatro, onde dirigiu a famosa Peça "The Blue Room", que fez grande sucesso em Londres na década de 90 e contou com a brilhante Nicole Kidman no elenco. Pouco tempo depois, Mendes nos apresenta uma grande obra: Sutil, inteligente, trantando, do meu ponto de vista, de assuntos difíceis, controversos e várias vezes incompreendidos pelo resto da sociedade: Problemas Familiares, Rotina e Preconceitos.
Lester Burham (Kevin Spacey) é um pai de família tradicional, inconformado com sua vida, insatisfeito no emprego e infeliz dentro de casa, isso faz com que Lester decida mudar sua rotina, causando tremendo impacto em sua mulher Carolyn (Annette Bening) e em sua filha Jane (Tora Birch). No decorrer do filme, a imagem de Carolyn vai se tornando cada vez mais fútil e insuportável, uma corretora de imóveis ambiciosa, mais sem nenhuma preocupação em relação aos problemas pessoais, mostrando assim ser uma mãe distante e fria, e uma esposa totalmente vazia de sentimentos no que se diz respeito ao dia-a-dia familiar e as relações íntimas. Ao seu lado vemos a personagem de Tora Birch, Jane, ser construída, uma adolescente rude, complexada e carente, retrato perfeito da personalidade dos pais, também de um vazio enorme.
O personagem principal, Lester, cansado de tanta mediocridade e de tentar ser uma pessoa "normal" o tempo todo, decide dar a volta por cima, ao se interessar pela melhor amiga de sua filha, Angela Hayes (Mena Suvari), Lester pede demissão do emprego sem medo e joga tudo para o alto por esse objetivo, ajudado pelo seu mais novo vizinho Ricky (Wes Bentley), essa tentativa de quebra de rotina, e, mais radicalmente falando, de ser feliz, acabará resultando consequências inimagináveis.
O título em si já é uma grande metáfora. "American Beauty" é um tipo comum de flor americana, que, visualmente nos parece ser perfeita, mais em compensação não possui espinhos e nem cheiro, essas flores e as pétalas das mesmas são mostradas em várias cenas e se encaixam perfeitamente na vida dos personagens, que simulam, ou pelo menos tentam, ser pessoas comuns e normais, mais sem nenhum sentimento e originalidade pessoal, alguns regados a hipocrisia e falta de pudor.
O roteiro já nos dá uma informação importante logo no início, a da morte de Lester, assim como já vimos em Crepúsculo dos Deuses, onde ficamos sabendo da morte de seu protagonista logo no início. Isso funciona como uma peça-chave que desperta nossa curiosidade e faz o filme ficar cada vez mais interessante, junto com uma construção de personagens fantástica.
A cada cena, Beleza Americana mostra de maneira clara e originalíssima o motivo a que veio, um belo e complexo estudo do comportamento humano, o que as pessoas fazem para se sentirem bem em relação as outras, uma espécie de máscara, sem dar atenção a seus verdadeiros desejos e necessidades, e mostra também o trágico resultado de uma pessoa que tenta mudar essa situação e sair do comodismo. O filme ainda nos presenteia com um clímax arrebatador, que leva a profunda reflexão a todos que o assistem ao final da projeção.
Além dessas qualidades, o filme é um primor na sua parte técnica, dotada de uma agradável fotografia e de uma trilha sonora belíssima, impossível não se lembrar da música tema de Beleza Americana. Na Cerimônia do Oscar, o filme saiu com 5 estatuetas: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Kevin Spacey), Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia. Merecidamente bem premiado em um ano bastante difícil, tendo como concorrentes outras Obras Primas como Magnólia, O Sexto Sentido e A Espera de um Milagre, Destaque para o mérito do trabalho de Kevin Spacey com a estatueta de melhor ator, simplismente seu melhor papel em toda a carreira, fantástico!
Ainda nas premiações, Beleza Americana levou 3 Globos de Ouro: Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original e uma indicação ao Grammy de melhor Trilha Sonora.
Tudo isso torna Beleza Americana uma das melhores obras da década passada, que não são poucas, esse filme tem seu lugar especial.
Uma crítica intensa do modo de vida americano, conhecido por todos pela expressão "American Way of Life". Uma lição de vida que nos mostra os padrões que a sociedade nos estabelece, e cabe a cada um seguir eles ou não, um dos filmes mais reflexivos que já passaram pelos meus olhos. Altamente Recomendado!
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