Os Reis da Rua não traz um pingo de originalidade ao gênero policial, mas mesmo assim é uma boa experiência, que conseguiu me deixar várias vezes com os olhos grudados na tela, ansioso pelo desenrolar (previsível, é verdade) da história.
O roteiro foi escrito por 3 pessoas: Kurt Wimmer (responsável pelo excelente Equilibrium, mas também pelo péssimo Ultraviolet), Jamie Moss (que nunca ouvi falar) e James Ellroy. Opa, esse é conhecido. Ele contribuiu na criação de filmes como A Dália Negra, A Face Oculta da Lei, e é claro, Los Angeles - Cidade Proibida, uma obra-prima, diga-se de passagem. Eis o problema. Comparar esse Os Reis da Rua com L.A. - Cidade Proibida é de uma injustiça sem tamanho.
David Ayer ficou encarregado da direção e até fez um bom trabalho, principalmente nas cenas de perseguição e de tiroteios, só que ele raramente foge do padrão, realizando um trabalho burocrático na maior parte do tempo.
Bom, vamos ao enredo: Tom Ludlow (Keanu Reeves) é um detetive que passa por algum problema pessoal. Isso fica evidente com a boa sequência inicial, que mostra Tom iniciando o dia vomitando no banheiro e indo até uma loja comprar três pequenas garrafas de vodka. Ele segue uma pista e consegue sozinho solucionar um caso de sequestro envolvendo duas gêmeas. O problema é que ele resolve o sequestro de uma maneira nada usual, indo contra as regras de conduta da polícia e produzindo defuntos em excesso. Seu chefe, o capitão Jack Wander (Forest Whitaker, com uma atuação um tanto exagerada, mas competente ), não economiza esforços para abafar o caso, evitando que Tom receba punições por seus atos.
Ok, ficam evidentes os dois assuntos principais que o filme quer mostrar: O corporativismo de um departamento de polícia, que protege seus membros mesmo quando eles cometem crimes e também a corrupção que faz parte da vida de grande parte dos policiais. São assuntos interessantes, é verdade, mas que já foram trabalhados antes e de maneiras bem mais satisfatórias, como em L.A.- Cidade Proibida que já citei aqui. Pelo menos há um diálogo honesto que retrata muito bem esse clima: "Não importa o que acontece e sim o que está escrito". Quer dizer, se você tiver um bom contato no jornal da sua cidade, você não ficará com a imagem abalada após algum ato falho.
Tom faz parte de toda essa corja, mas o assassinato de um antigo parceiro o faz investigar as coisas de uma maneira mais profunda. Aí está um dos defeitos do filme. Em nenhum momento eu consegui aceitar essa rápida passagem de Tom do lado corrupto para o lado que quer fazer o bem. O bom é que essa investigação é sempre interessante, nos apresentando personagens verdadeiramente perigosos que podem fazer com que o detetive não chegue a uma conclusão. Um dos melhores momentos do filme se dá justamente durante investigação, quando Tom e o seu novo parceiro perseguem um suspeito a pé pelos guetos e becos da cidade, culminando com um fim um tanto peculiar para o suspeito.
O filme perde a força pois permite que o seu final seja adivinhado antecipadamente. Também faltou um pouco mais de desenvolvimento do personagem principal. O motivo das suas constantes bebedeiras é revelado, mas não explicado, o que é uma pena, já que havia potencial melhorar o enredo.
Enfim, Os Reis da Rua é bacana e consegue prender a atenção na maioria do tempo, mas não possui nada de especial que evite que em breve ele seja esquecido.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário