Quando você decide assistir uma comédia romântica, dificilmente esperará por um final "não feliz". E foi com esse pensamento que assisti O Cisne, dirigido por Charles Vidor.

A história de Alexandra, uma tímida princesa, que abre mão de seus sentimentos para ajudar sua família é de partir o coração. Um dos méritos da direção de Vidor é representar aquele mundo de Alexandra de um modo sutilmente sufocante. Tudo é tão perfeito, tão arrumado, tão bonito, mas ao mesmo tempo vazio, raso. O brilho que os vestidos e as pratarias têm não fisgam Alexandra, que prefere as estrelas longínquas.

É então que dois tipos de "estrelas" entram na vida da princesa: o príncipe que deve conquistar para se tornar rainha e, assim, salvar sua família, e um professor, plebeu, que a olha como ninguém nunca a olhou.

O primeiro não lhe dá atenção, até que, devido à um plano para causar-lhe ciúmes, Alexandra dança com o professor e percebe o amor recíproco que os dois escondiam.

Se o príncipe representa aquele brilho das pratarias, o professor brilha como uma estrela, representando as aventuras com que Alexandra sempre sonhou.

Dividida entre a paixão e o dever, seu final trágico será traçado. Ao final, ela não passa de um cisne, que deve se portar altiva, elegante, observar o que passa nas margens, mas sem nunca tocá-las.

O filme tem uma fotografia que ressalta esse clima de conto de fadas, pontuado com trilha sonora, figurinos e atuações corretas. Louis Jourdan e Alec Guiness estão muito bem nos respectivos papéis, mas parece que uma parte do longa se perdeu na ilha de edição, e os acontecimentos finais se desenrolam rápido demais, sem explicações convincentes.

Grace Kelly também é formidável no papel, com as nuances de sentimentos (o "estalactite" e a "princesa"), antecipando a princesa que se tornaria na vida real. Mas mesmo sabendo desse "conto de fadas que aconteceu", não deixamos de nos emocionar com o destino de Alexandra, tão diferente do que imaginamos quanto lemos na caixinha do DVD que se trata de uma comédia romântica.

Lindamente agridoce.