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Entrevista 09 - Iafa Britz

 

Esta é uma matéria produzida em parceria entre o Cineplayers e a Downtown Filmes, com o intuito de divulgar, redescobrir e reapaixonar o público brasileiro pelos nomes importantes da nossa história cinematográfica.

Uma das produtoras mais importantes do cenário nacional, Iafa Britz formou-se em informática pela PUC, mas entrou no meio artístico por acidente, quando errou a turma de um curso e foi iniciada em produção de vídeo. Seu primeiro curta foi Pão de Açúcar (1996) e, de lá para cá, produziu diversos filmes conhecidos do grande público, como Avassaladoras (2002), Sexo, Amor e Traição (2004), Mais Uma Vez Amor (2005), os dois Se Eu Fosse Você (2006 e 2009) e Divã (2009). Atuou como Produtora Executiva em diversos longas metragens, como Muito Gelo e Dois Dedos D'Água (2006), Sexo com Amor? (2008) e O Homem que Engarrafava Nuvens (2009), atualmente integrando o Sindicato Interestadual da Indústria do Audiovisual (SICAV).

Ativa também na parte organizacional do cinema brasileiro, foi sócia da Total Entertainment e um dos principais nomes do Festival do Rio, onde atuou como uma das diretoras. Em 2010, fundou sua produtora Migdal Filmes, e escolheu como projeto de estreia encarar um dos maiores desafios da cinematografia brasileira, com o longa Nosso Lar. Produção sem precedentes no país tamanha sua complexidade visual e tecnológica, a história, baseada no livro homônimo psicografado por Chico Xavier, resultou em um dos maiores sucessos de público pós-retomada e foi visto por mais de 4 milhões de pessoas apenas nos cinemas, consolidando Iafa como um dos nomes mais expressivos do mercado cinematográfico brasileiro. Seu próximo projeto contará a vida de Irmã Dulce, e a previsão de filmagens é para 2012.

 

1. Muitas pessoas não sabem, mas você se formou em informática. Como foi que surgiu o interesse de trabalhar com cinema?

Iafa Britz: Foi puro acidente. Eu trabalhava num banco de investimento, estava super deprimida, e fui buscar algo mais artístico. Fui fazer um curso de computação gráfica. Daí literalmente entrei na sala errada. Assisti a uma aula de produção de vídeo (estamos aqui falando de uma época em que o cinema brasileiro praticamente não existia, pós Collor). Fiquei completamente apaixonada por esse universo. Larguei o banco (mas terminei a faculdade!), larguei tudo, e por anos fiz curtas, institucionais, comerciais, até conhecer o pessoal do RioCine Festival, e fazer parte dele. Esse foi o meu encontro com o cinema, e a partir daí uma grande imersão, até começar a produzir longas.
 
2. Na Europa, há um casamento muito forte entre TV e Cinema, fato que começa a se repetir no Brasil, tanto na produção de filmes quanto na sua linguagem. Para você, como deveria ser essa relação?
 
I.B.: A resposta está na própria pergunta: a relação entre TV e Cinema na Europa é fantástica, e tomara que possamos cada vez mais nos aproximar deste modelo, dentro das nossas limitações. Desde o financiamento, até a produção. Com intercâmbios de know-how, potencializando tanto talentos, quanto exposição dos filmes em diversas janelas. Os últimos filmes que viraram belas mini-series, assim como as series que derivaram filmes, mostram que este casamento faz todo sentido.

3. "Nosso Lar" foi sucesso de público em todo país. Quebrou recordes de bilheteria, mas não só isso: em termos de produção, foi algo totalmente inédito no Brasil. Como foi que esse projeto chegou até você e qual o maior desafio de trabalhar um tema tão delicado como religião?
 
I.B.: O Wagner (de Assis, diretor e roteirista do filme) me convidou pra produzir o filme. Ele estava com esse projeto desde 2005, nos encontramos por volta de 2008, e em 2009 estávamos filmando. Foi certamente o maior desafio de toda a minha vida, do ponto de vista técnico, mas também pela temática. Não é um filme religioso, pra mim é um filme de temática espiritualista. Sabíamos que tínhamos que fincar uma bandeira pra mostrar que este era um filme de qualidade, de público, e superar muitas dúvidas e preconceitos. O resultado não poderia ter nos deixado mais felizes. A temática espiritualista, como um todo, é interessantíssima. Há um grande material pra ser explorado, se for feito com muito cuidado, sem exageros, e de forma cuidadosa. Uma temática que o brasileiro (e eu!) tem muita curiosidade e paixão.

4. Somente em 2011 já nos encaminhamos para a marca de cinco filmes nacionais acima da marca de 1 milhão de espectadores (De Pernas Pro Ar, Bruna Surfistinha, Qualquer Gato Vira Lata, Cilada.com e Assalto ao Banco Central), sendo dois deles lançados com intervalo pequeno entre eles, e num período nobre para o cinema: férias de julho. Como você vê esse quadro? Acredita que as produções nacionais reconquistaram seu público cativo e que os blockbusters nacionais vieram pra ficar; que esse cenário tende a se repetir nos próximos anos? 

I.B.: Estamos num momento fantástico de conquistas de mercado. Dois filmes nacionais tão fortes no mês de julho é uma incrível quebra de paradigmas. Mostra que estamos fazendo filmes que o público quer ver, que estamos mais ousados nas escolhas das datas de lançamento, que podemos ousar mais e mais, que estamos trabalhando muito, toda a indústria, para consolidar este cenário.

Acredito muito que este cenário possa se repetir por muitos anos, porque há muitos produtores, diretores, distribuidores e dirigentes focados e direcionados para isso. O mercado está preparado e, acima de tudo, o público esta correspondendo, prestigiando os filmes. Mas não há espaço para euforia, e sim para trabalho contínuo. Produção continua. Ininterrupta. E politica proativa pra isso. E o mercado precisa de mais salas. Com mais salas, estaríamos hoje em outro patamar! Quem sabe ano que vem? Ou no outro?

 

Por Iafa Britz

 

 

5. O Homem que Copiava (2003), de Jorge Furtado

André é um jovem de 20 anos que trabalha na fotocopiadora da papelaria Gomide, localizada em Porto Alegre. Ele mora com a mãe e tem uma vida comum, basicamente vivendo de casa para o trabalho e realizando sempre as mesmas atividades. Num dia, André se apaixona por Sílvia, uma vizinha, a qual passa a observar com os binóculos em seu quarto. Decidido a conhecê-la melhor, André descobre que ela trabalha em uma loja de roupas e, para conseguir uma aproximação, tenta de todas as formas conseguir 38 reais para comprar um suposto presente para sua mãe.

Saiba mais sobre O Homem que Copiava.

 

4. Ensaio Sobre a Cegueira (2008), de Fernando Meirelles

Baseado no romance do português vencedor do Prêmio Nobel Jose Saramago. A mulher de um médico torna-se a única a conseguir enxergar em uma cidade onde todos passaram a ser cegos repentinamente. A desordem toma conta do local enquanto ela tenta cuidar de seu marido.

Saiba mais sobre Ensaio Sobre a Cegueira.

 

3. Estômago (2007), de Marcos Jorge

Na vida, há os que devoram e os que são devorados. Raimundo Nonato descobriu um caminho à parte: ele cozinha. E é nas cozinhas, de um boteco de um restaurante italiano e de uma prisão, que Nonato vive sua intrigante história. Ele aprende as regras da sociedade dos que devoram ou são devorados. Regras que ele usa a seu favor, porque mesmo os cozinheiros têm direito a comer sua parte. E eles sabem, mais do que ninguém, qual é a melhor. Uma fábula nada infantil sobre o poder, o sexo e a culinária.

Saiba mais sobre Estômago.

 

2. Salve Geral (2009), de Sergio Rezende

Lucia, uma professora de piano que ficou viúva recentemente, é surpreendida pela notícia de que seu único filho matou uma jovem. Decidida a tirar o rapaz da prisão, ela se envolve com a organização criminosa responsável por uma série de ações que transformarão a maior metrópole do País em um inferno.

Saiba mais sobre Salve Geral.

 

1. O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburger

Em 1970, o Brasil e o mundo parecem estar de cabeça para baixo, mas a maior preocupação na vida de Mauro, um garoto de 12 anos, tem pouco a ver com a ditadura militar que impera no País; seu maior sonho é ver o Brasil tricampeão mundial de futebol. De repente, ele é separado dos pais e obrigado a se adaptar a uma "estranha" e divertida comunidade - o Bom Retiro, bairro de São Paulo, que abriga judeus, italianos, entre outras culturas. Uma história emocionante de superação e solidariedade.

Saiba mais sobre O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias.

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Leia também nossas colunas anteriores:

Edição nº1 - Mariza Leão

Edição nº2 - Bigode

Edição nº3 - Especial Cilada.com

Edição nº4 - Rosane Svartman

Edição nº5 - Marcos Paulo

Edição nº6 - Leonor (Lolô) Souza Pinto

Edição nº7 - Cláudio Torres

Edição nº8 - Sandra Werneck

Comentários (3)

Victor Ramos | segunda-feira, 03 de Outubro de 2011 - 16:30

Salve Geral é um grande filme que infelizmente não causou o alarde positivo que deveria ter causado.

Alexandre Koball | terça-feira, 25 de Outubro de 2011 - 20:19

Salve Geral é mediano apenas.

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