Uma ideia para um programa de TV, que se tornou num dos maiores documentários de todos os tempos.
O documentário independente “Basquete Blues” conta a história de dois garotos negros com origens pobres e famílias problemáticas, que tentam alcançar a honra de jogar basquete profissional na NBA.
Os dois garotos tem grande talento para o basquete, e ambos ingressam na escola St. Joseph, no Illinois, que no passado teve como aluno Isiah Thomas, uma lenda do basquete que entrou no Hall of Fame da NBA, e que serve de inspiração para os garotos.
Os garotos seguem trajetórias paralelas. Arthur Agee é acompanhado na adolescência, e infelizmente não durou muito na St. Joseph, devido às altas taxas cobradas pela escola, que seus pais não conseguiam pagar, sendo expulso da escola e indo estudar em outra, bem mais modesta, enquanto os problemas familiares só aumentavam: A mãe desempregada, o pai viciado em crack, e as contas cada vez mais altas e sendo deixadas sem pagar (a produção do documentário teve que arcar com algumas contas para não perder o garoto, como contas de água e luz). Apesar de tantas dificuldades, Arthur consegue se destacar jogando basquete por um time desacreditado, surpreendendo no campeonato estadual e chegando até as semifinais da competição. Uma jornada incrível para Arthur, que poderia facilmente desistir, devido a tantos problemas, mas consegue seguir até o final, contando somente consigo mesmo para isso.
William Gates consegue se destacar no St. Joseph, sendo até mesmo comparado ao grande Isiah Thomas, porém, problemas no joelho atrapalham o garoto, e aos poucos vão acabando com suas chances no basquete. William tinha um talento nato, mas acaba não vingando. Após um bom tempo, e cansado das decepções da carreira, William acaba desistindo de jogar para virar pastor religioso em Chicago. Quando indagado sobre a grande carreira que teve no basquete como atleta júnior, Gates dizia: “O basquete fazia parte da minha natureza, era como caminhar. Mas tenho uma vida melhor agora. Como pastor, eu posso falar com os jovens. Se eu fosse uma estrela da NBA, eles teriam que marcar uma reunião para falar comigo”.
Essas histórias, contadas ao mesmo tempo nesse documentário, mostram com eficiência como é difícil o começo de esportistas que vivem em comunidades pobres, tendo no basquete a “salvação” para alcançar uma vida melhor, para não se entregar a vida de crimes e violência que são comuns nas comunidades em que vivem.
Mesmo com filmes poderosos como “Pulp Fiction”, “Os Bons Companheiros”, “O Silêncio dos Inocentes” e "A Lista de Schindler", Roger Ebert, um dos críticos mais respeitados da história do cinema, considerou “Basquete Blues” o melhor filme dos anos 90.
Basquete Blues não concorreu ao Oscar de melhor documentário (levou uma indicação de melhor montagem), o que causou revolta em Roger Ebert, e que fez mudar as regras do Oscar na avaliação de documentários. Roger Ebert disse: “Basquete Blues é um drama tão poderoso que parece ter sido escrito para a ficção e tem um clímax mais excitante que qualquer outro filme de esporte”. E completou: “Mas é muito mais que isso. É sobre a vida e a morte. E sobre o indomável espírito humano”.
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