Geralmente, alguns filmes são verdadeiros sucessos de divulgação, o que não garante necessariamente qualidade à obra. Sem muita pretensão, emociona e permite refletir um pouco sobre nossa comodidade.

Ajudar é a palavra chave do filme. Não aquela ajuda depois que surge a ação; definitivamente é aquela ajuda que impede a ação. Defendor é um personagem criado por um homem, Arthur Poppington, que foi levado a acreditar por toda a sua vida que um vilão, Capitão Indústria, matou a sua mãe. Apesar de ter todos os fragmentos cômicos para um ótimo filme de comédia, são poucos os momentos em que o filme deixa de ser dramático para entregar algo engraçado. É por isso que acredito que existem duas maneiras de assistir a Defendor: uma é quando você aceita a própria sinopse do filme; a outra é quando você realmente assiste ao filme deixando de lado a péssima narrativa inicial e alguns furos no roteiro. Pode ficar tranqüilo em relação ao elenco, pois nele encontramos Sandra Oh, uma atriz que dispensa apresentações, e do outro lado a ótima atuação de Woody Harrelson, os outros atores são bons, porém pequenos demais para o nível dos dois.

Defendor é um personagem fantasioso, que de certa forma é o melhor caminho que este homem encontrou para lidar com a sua vida e até mesmo a única forma que ele encontrou pra vingar a morte da sua mãe. Criando não somente um super-herói, mas também um arquiinimigo e uma cidade que precisa de sua ajuda. Ele não está errado, os vilões são reais e a cidade realmente precisa dele, não como herói, mas como alguém que pode dizer que é possível lutar e não se abater por qualquer problema.

Woody Harrelson está ótimo em seu melhor papel. Posso garantir que é a melhor atuação dele. Em seus últimos filmes podemos perceber o seu esforço em passar cada vez mais algo melhor, e nesse filme nós temos o melhor dele. A Sandra Oh, que faz um sucesso estrondoso em Grey’s Anatomy, só comprova que seu talento não tem limites. As pequenas participações da sua personagem são suficientes para consolidar o seu talento.

A qualidade essencial do roteiro é unir o útil ao agradável: o filme começa com uma boa comédia. Depois de alguns minutos, a noção de sua carga dramática é inegável. Prepare-se pra um ótimo drama, comovente do jeito que te faz refletir sobre suas ações e suas consequências. A direção é impecável. Não quero dizer que você encontrará uma obra divina e clássica, harmônica e honrosa, apenas algo simples que cresce até mesmo com os seus clichês, algo que domina toda a preocupação estética e sem dúvidas é um filme maior que a embalagem, maior que o trailer e maior que o pôster.