O tiroteio na sessão de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", ocorrido há alguns dias, encontra certa ressonância no que é o filme em si. A conclusão da trilogia de Christopher Nolan apresenta ao espectador um tiroteio de personagens, cenas de ação, brutalidade, temas atuais e muita informação para se assimilar. Os 165 minutos de filme passam rápido e o que vemos é uma produção coerente com os filmes anteriores, mas significativamente inferior a eles, o que não diminui sua força e importância.
Nolan arrisca inserir Batman quase que em segundo plano na história, permitindo que os outros personagens da trama cresçam e até assumam alguns papéis importantes. Depois de explorar a degradação moral (Batman Begins) e o caos e a anarquia (TDK), o diretor insere uma verdadeira revolução em TDKR, comandada por Bane. Em tempos de Ocuppy Wall Street e de crise no capitalismo, alguns temas propostos são bem cristalinos a quem assistir ao filme. E mais: será que esses movimentos são a melhor solução ou será que, como no filme, têm outros propósitos? Bane age praticamente como um líder messiânico - e nunca Batman teve uma nêmesis tão poderosa.
TDKR é um filme muito bom, com grandes cenas de ação (mas somente a do começo do filme fica perto de antológica), tem um roteiro bastante ousado e grandes atuações mais uma vez. Anne Hathaway não decepciona (Selina Kyle sempre rouba a cena). Tom Hardy entrega um vilão excelente. Joseph Gordon-Levitt, Gary Oldman e Michael Caine têm desempenhos muito bons. E Christian Bale segue acima da média, desta vez incorporando um Batman/Bruce Wayne muito mais vulnerável, fisica e psicologicamente.
Mas claro, nem tudo são flores. Com tanta coisa pra dizer, tantas soluções e personagens a apresentar, o filme tropeça várias vezes. Um dos diálogos protagonizados por Selina soou constrangedor para mim, pela forçosidade de apresentar um elemento da história. Algumas sequências são completamente inexplicáveis e partes do final são um tanto clichês - apesar de coerentes com a mitologia construída por Nolan. O resultado é um filme que fica um pouco aquém de seus predecessores, onde tudo se encaixava e se entendia completamente.
Mas tais defeitos não são maiores que as virtudes de TDKR. Ao final, temos aqui um grande exemplar cinematográfico, uma das melhores trilogias já realizadas, a melhor do gênero HQ, sem dúvida. Realista, ousada, atual, mais preocupada com a história do que com os efeitos. A lenda do Cavaleiro das Trevas tem um final brutal, mas digno e satisfatório.
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