Em 2007, o mais humano dos herois de ação, John McClane, era confrontado pelos tempos modernos. Um homem analógico em um mundo digital. Assim, o policial interpretado por Bruce Willis enfrentava um hacker que paralisava os Estados Unidos. O quanto herois como McClane e sua força bruta podiam fazer contra um mundo digital? Não era a hora de inovar? Um bom questionamento.
Linha que 007 - Operação Skyfall segue. Em seu terceiro filme na fase mais "humana" de James Bond, o personagem chega aos 50 anos de história e é confrontado por um mundo digital que parece superar todas as habilidades do espião. Espião este que já não encontra mais a melhor força física, nem consegue tirar o melhor de suas armas. O próprio MI6 é questionado, após um atentado terrorista e o vazamento dos nomes de agentes secretos europeus.
Sob a batuta de Sam Mendes, Skyfall surge como um dos, senão o melhor Bond de todos os tempos. Mendes, que teve experiência como diretor de ação, no máximo, em "Soldado Anônimo", equilibra de forma sensacional a adrenalina, o drama e o humor de Skyfall. O roteiro aproveita ao máximo estes confrontos entre um espião que antigamente usava de apetrechos diversos e hoje precisa enfrentar uma ameaça invisível. Isso fica mais evidente quando surge a figura de Q, interpretado por Ben Whishaw. Em um diálogo maravilhoso, ele afirma a Bond que de pijamas, em casa, com seu laptop, faz mais coisas do que Bond por um ano em campo.
As cenas de ação não aparecem aos montes, mas cada uma delas tem relevância e qualidade, como a sequência inicial, um atentado em Londres e o clímax, estupendo. Grandes méritos também para os bons efeitos e a fotografia. A trilha sonora é ótima e o clipe de abertura, pontuado por "Skyfall", de Adele, é um dos melhores de 007.
Em um filme mais humano, as interpretações são bem exigidas. E aqui, elas são geniais. Judi Dench mostra uma M muito mais vulnerável e multidimensional do que nos filmes anteriores. Sua participação é brilhante. E o que dizer de Javier Bardem? Em mais uma atuação estupenda, o ator espanhol entrega um vilão ameaçador e muito saboroso de ver em cena, pela ironia que apresenta - aliás, ele lembra bastante o Coringa de Heath Ledger (The Dark Knight foi, segundo Mendes, uma boa inspiração). Apenas a primeira cena em que ele surge já marca o personagem para sempre. Não seria exagero pensá-lo para o Oscar de ator coadjuvante. Méritos também para Mendes, que mostra ser um diretor muito eficiente para tirar o melhor de seus atores.
Cassino Royale reiniciou Bond e devolveu-lhe a ação de qualidade. Quantum of Solace imprimiu-lhe um tom mais humano. Skyfall pega tudo isso, eleva ao quadrado e ainda introduz o tom para os próximos filmes. James Bond voltou definitivamente. E como diz nos créditos finais, James Bond voltará. Espero que ainda melhor.
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