Resident Evil, como já é de conhecimento do mercado consumidor, é um renomado jogo da Capcom, que na década de 90 propulsionou o gênero de Survival Horror no mundo dos consoles.

Em um mercado exigente, o jogo já emergiu como obra prima em toda sua complexidade e magnitude concernente a tudo que se propõe a mostrar.

No game, impera a tensão. Este era na verdade, o grande protagonista da saga. E tudo contribuia para tal efeito. Atmosfera e climatização perfeitas, em sintonia com artifícios preciosos, constroem gradualmente, todo o necessário para a interação plena com este mundo obscuro.

Sem mais delongas, estas são fundamentalmente algumas das características pela qual a franquia, ao longo dos anos, trouxe para si, uma imensa legião de fãs.

E logo, uma tendência contemporânea atingiu esse mundo. A adaptação para os cinemas é uma nova proprensão de um mercado intenso que enfoca exatamente o público fascinado pelos jogos, e que cuja identificação com eles, é capaz de movimentá-los ao cinema.

Assim nasceu a série Resident Evil nos cinemas.

Já consolidado nos consoles e dono de grande credibilidade, o título atraiu ótimo número de pessoas para os cinemas, mas igual á expectativa foi a frustração da imensa maioria dos fãs da série do video game.

Com um roteiro que escapava totalmente das fronteiras do jogo e uma trama em muito pouco relacionada a tudo que apaixonou multidões, o filme apresentou-se de forma horrível e logo, deu o pior início possível á franquia cinematográfica.

No entanto, nada disso impediu que mais e mais sequências fossem lançadas, e qualitativamente, cada vez piores.

A aversão criada pelos fãs, em relação á protagonista Alice, vivida por Milla Jovovich é impressionante e compreensível.

Desde o primeiro filme, dirigido por Paul W.S. Anderson, marido da atriz ucraniana, toda a trama vem girando em torno de um drama particular da personagem, o que já desconstrói todo o enredo do mundo propiciado pelos games, onde repito, o maior protagonista era o clima intenso e tudo que era proporcionado por ele. Á medida em que a complexa trama do jogo se desenvolvia, envolvendo vários personagens, e um mundo totalmente cult para os fãs, com uma gama imensa de informações e detalhes que cuidadosamente os inseriam na trama, o filme se resumia unicamente á sequências descerebradas e superestimação de uma personagem sem carisma, e cada vez mais odiável.

E esse é exatamente o ponto de maior discórdia por parte dos amantes do game.

O título foi resumido á uma trama simplória, que se dissolve mais á cada sequência lançada, caracterizando intensamente como filmes totalmente desnecessários.

Embora a série dos consoles também esteja se desvirtuando gradativamente, rumando á ação desenfreada típica do filme homônimo, os fãs ainda permanecem muito fiéis, e insatisfeitos com todo o rumo que a franquia tomou nos cinemas.

Resident Evil 4, não tem praticamente nada de diferente em relação a todos os seus predecessores.

Sequências de ação desnecessárias e gratuitas, protagonismo irritante, pretensão exacerbada, atuações canhestras, roteiro pueril e profundidade alguma em nada a que se propõe.

Os efeitos especiais estão muito bons, e o 3D é também interessante, mas é claro que nada suficiente para fazer emergir sequer momentâneamente esse náufragio.

Os personagens são tratados com desprezo pelo roteiro. Além dos momentos de ação, quase sempre no exaustivo Slow Motion, não há mais nada.

O filme assume ainda, tom caricatural, ao inserir diversos elementos presentes nos jogos mais recentes da franquia, de forma randômica, apenas para uma tentativa superficial de identificação. Isso é notório através de algumas criaturas presentes em Resident Evil 5 (jogo), mas vale ressaltar que o filme não acompanha, nem de longe, a trama do jogo e portanto não há qualquer justificativa para isso.

O propósito nítido, portanto, era o da diversão descompromissada.

Mas diante de tantos pontos negativos, e tantas considerações a serem feitas, é difícil encarar este filme sob qualquer ótica.

E pelo final, podemos concluir que vem mais por aí.

É até compreensível. A bilheteria não foi ruim, e enquanto essas bombas continuarem dando dinheiro, ainda que a situação da trama seja irreversível, todos os envolvidos se empenharão em extrair até o último centavo que puderem.