Foi uma grata surpresa quando vi esse filme nacional. A mistura das cinco histórias e o formato que os realizadores encontraram para mostrá-las foi bem interessante e criativa. Trata-se de uma amálgama de personagens numa confluência de narrativas, cada uma com seus estilos de roteiro, fotografia e conteúdo, que atravessam de maneira direta ou não umas às outras. O estilo é declaradamente oriundo das obras de Altman e eu confesso que a produção brasileira é superior ao genitor, no mínimo equiparando-se. Muito melhor que o enfadonho 360° do Meireles e do que o supervalorizado Babel, ambos bem razoáveis. Todas a cinco histórias certamente dariam belos argumentos para roteiros dos mais variados gêneros: um drama sobre traição envolvendo a mulher de um humilde funcionário de abatedouro eo patrão deste; curiosas histórias sobre um podólatra fotógrafo e um bêbado que passa o tempo inteiro vendo televisão que confunde realidade com ficção; um suspense delicioso que envolve uma trama absurda de sexo e dinheiro e ainda uma original comédia sobre uma secretária que pregende casar à qualquer custo, a qualquer custo mesmo.
Diversão garantida para quem gosta de cinema por gosgar de cinema, sem muita preocupação com conteúdo narrativo ou verossimilhança. Reparem como algumas cenas são bem feitas e boladas, como uma discussão que leva a um espancamento ou o preto e branco justamente nas sequências do personagem que trabalha com cores (o fotógrafo interpretado pelo sempre bom Leonardo Medeiros) denunciando o cotidiano sem profundidade do peraonagem. A presença do saudoso Jece Valadão dá um tom cafageste ao longa e as referências a filmes americanos no personagem televisivo remete a uma crítica para o gosto cinematográfico do brasileiro. A fotografia, sempre diferente em cada história pela.mudança na realização de cada passagem fica meio desfocada, mas não compromete, afinal a anarquia parece ser uma das metas da películas.
A parte negativa vai mesmo para a edição de som. Às vezes é difícil até saber o que um personagem diz num diálogo, quase amadorismo. Por fim, uma bela obra nacional com cerne bastante usado pelo cinema americano mas com uma estética própria que beira o virtuosismo.
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