Bom, eu não conheço muito bem toda obra cinematográfica de Woody Allen, mas posso afirmar com toda a certeza que esse longa é bem superior ao chato e supervalorizado Vick Cristina Barcelona que tinha como único ponto positivo, a presença mais do que marcante numa atuação soberana de Penelope Cruz.
Nesse “Tudo pode dar certo”, Allen volta para as suas locações em Nova York e mostra a vida de um velho rabugento, arrogante, totalmente pessimista e muito chato que tem côo filosofia de vida o dilema que tudo pode dar certo, desde que você não faça nenhuma ação que estrague sua vida, mas como geralmente os homens são idiotas e burros, no final, tudo sempre dá errado. Esse ser se chama Boris.
Ele simplesmente se acha superior a todos, já que foi indicado ao Nobel por sua teoria no campo da Física, lecionou numa grande universidade, mas devido a uma tentativa tosca de suicídio, se muda para os subúrbios da cidade de Nova York. Lá vive sempre reclamando da vida e tentando ensinar garotos burros, como ele chama, a tentarem jogar xadrez.
Porém, numa bela noite e sensata noite, ele conhece uma garota chamada Melodie que pede ajuda para ele. Uma garota inocente, ingênua e meio burrinha que foge da casa dos pais para tentar a vida na cidade grande. Ele a aceita com ressalvas, mas com o passar dos dias ela vai aprendendo as teorias dele e os dois acabam ficando juntos. Bom, como na vida nada é perfeito e muito menos duradouro, a mãe dela vai visitá-la dizendo que deixou o marido depois que soube que ele a traiu com a melhor amiga. Após isso, tudo começa a desmoronar.
Com um roteiro muito inteligente, piadas certeiras, um humor sarcástico e ótimas tiradas, o filme se sustenta na comédia para ter sua melhor graça. A mãe de Melodie descobre uma vocação, a fotografia e também um fato, ela tem um fogo incontrolável, sendo assim, passa a relacionar com dois homens e muda seu estilo completamente, porém, mesmo com toda essa mudança, ela vive encrencando com Boris, tentando convencer sua filha a largá-lo, pois ela vê nessa relação tudo, menos amor, desejo ou prazer. Melodie por sua vez sempre diz cada perola, mas ao ser queimada por Boris, ela pensa e reflete sobre o que ele disse. Ela sabe que é ignorante, entretanto não sente vergonha por isso.
Mas o ponto máximo do filme é mesmo Boris. Declaradamente um alter ego de Allen, ele destila sua opinião sobre tudo na vida. Não há como não ter raiva dele. A jogada mais bacana do longa é que ele, literalmente, conversa com o público. Essa brincadeira me faz lembrar um escritor brasileiro muito conhecido, mas que o nome me foge da memória (até soa ironicamente, muito conhecido, mas esqueci o nome). Com isso, ele dialoga com todos nós, expondo seus pensamentos e inquietações, ele tenta nos convencer de seus posicionamentos, mas no meu caso, não consegue, pois ainda o vejo como um chato mimado.
O elenco esta ótimo, todos muito bem. Evan Rachel Wood como Melodie nem lembra a perigosa e sensual rainha da série vampiresca True Blood. Patricia Clarkson também está formidável como Marietta, a mãe de Melodie e Larry David como Boris, sem declarações, ele simplesmente encarna um Woody Allen da vida. Incrível como ele toma para si todas essas opiniões, um barato.
O filme é isso, uma comédia deliciosa que mostra um diretor que apesar de lançar filmes fracos como o Vick Cristina, também consegue criar longas simples, porém muito bem feitos. Esse filme não vai além disso, não causa em nós uma reflexão, apenas nos oferece um momento para nos divertir e mostrar que a vida, apesar de tudo, de todos os nossos erros, bobagens e merdinhas que cometemos ao longo da nossa existência, no final, ainda pode dar tudo certo.
O final de filme não curti muito, mas fazer o que né, nem tudo é perfeito.
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