O amor constrói pontes
Em Short Term 12 temos um grupo de jovens que distante das suas famílias, tentam se recuperar dos traumas vividos, das dores sentidas, dos abandonos vivenciados. Cada um tem sua história de dor, de carência, de ausência, de violência.
Grace (Brie Larson) e Mason (John Gallagher Jr.) tentam ajudar estes garotos a superarem esses traumas. Também vitimas dessas dores, eles mais como ninguém, sabe como é a dor.
Quando chega no abrigo Jéssica (Stephanie Beatriz) Grace se identifica com ela e tenta a todo custo ajudá-la. Mas a situação é bem mais complicada do que se poderia imaginar. Jéssica esconde dores que fazem com que Grace se lembre do seu passado. Na busca de ajudar essa garota, Grace irá se deparar com seu próprio passado num momento em que tudo pode mudar em sua vida.
O que esse drama invoca é a dor, a ausência e feridas e como o amor pode construir pontes. Todos estes jovens de uma forma foram tocados como não deviam, machucados como deviam. Não sabem o que é o amor ou o afeto, tanto que muitos ainda teimam ou tentam fugir desse abrigo.
O filme faz uma singela abordagem sobre o ato de confiar, de falar sobre a dor. As vezes conseguimos nos abrir com pessoas que não pertence ao nosso ciclo de vida, que confiar não é algo que vem com o tempo, mas que vem com a capacidade de olharmos e nos identificarmos com alguém.
Grace esconde um passado, que vamos compreender com o passar e desenrolar do drama, assim como Jéssica. A história contada por essa garota metaforizando sua dor e sua infância é tão dolorosa, tão traumática, tão infantil e tão terna.
Violência gera violência. Assim como Grace, Jéssica e Mason há outros nessa casa longe do amor, longe do afeto. Estes jovens não conheceram esse sentimento então, como irão vivenciá-los no seu cotidiano.
O diretor não faz imagens ousadas, não produz um grande filme, mas entrega um drama tocante e sensível que deixa a beleza por conta da história de seus personagens. São personagens reais, transparentes, as vezes presos aos clichês, aos estereótipos, mas ainda sim, calcados na realidade.
A dor marca e fere, a ausência mata, mas o amor, ele não, ele refazer pontes. Ensinar valores nunca antes vivenciados, ou ensinados, e mostrar que o amor não é aquilo que aqueles jovens viverem é algo que dá trabalho. É um processo lento e calmo, do dia-a-dia e é isso que esse drama nos mostra. Tudo segue tão calmamente, e aos poucos esse filme revela sua grandeza.
A entrada do personagem Nate (Rami Malek), funciona como uma introdução, uma maneira de conhecermos a cada criança, seus medos, seus históricos de vida e como estes jovens como Grace e Mason trabalham com eles.
A trilha sonora às vezes encanta, às vezes não. A cena final, em câmera lenta, faz deste final tão poético, tão lindo e tão tocante. A direção é suave, singela, nada grande, porém nada pequeno. Assim é esse filme: pequeno e grande, suave e forte. Um filme que fala sobre a dor, sobre o amor e sobre a vida.
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