A morte é algo irreparável. Nos deparamos com ela de maneiras distintas. Cada um, ao seu modo, tenta superá-la. É sobre esse assunto que o longa O quarto do filho trata.
Com uma história simples, somos apresentados a uma família como qualquer outra. Como todas, eles também possuem problemas, às vezes, uma falta de comunicação, atenção ou afeição, mas ainda são unidos.
Giovanni, o pai, trabalha num escritório dentro de casa como psicanalista. Lá, seu trabalho é ouvir e tentar orientar os pacientes que lhe aparecem com os mais diversos problemas. Nesses pacientes, percebemos que todos apenas desejam ser ouvidos, desejam falar das coisas mais simples, como o que fizeram no seu dia, à assuntos mais complexos, como o desejo da morte ou problemas sexuais. A função dele é ouvir e é isso que ele faz, mas o trabalho lhe rouba tempo, muito tempo.
Paola, a mãe, trabalha fora como editora, mas isso não fica muito bem explicito. Divide a agenda do dia ainda como mãe e os afazeres domésticos. A filha mais nova é séria e decidida, um pouco distante, parecendo não precisar da atenção ou carinho dos pais. Possui um namorado ainda mais estranho. Por fim, Andreas, o filho, é sensível e distante.
O filme começa com o pai indo ao colégio para conversar com o diretor sobre algo que o filho fez. No caso, um fóssil foi roubado do laboratório e acusaram Andreas do crime. Ele nega, depois descobrem que o garoto que o acusou havia mentido, mas o fato dele ter roubado era verdade. Após isso, Giovanni acha que tem de passar mais tempo com o filho. É nesse momento que uma tragédia que leva Andreas a morte acontece. O que vemos depois é a quase degradação de uma família. Cada um sofre essa perda. A mãe se lança em lágrimas. O pai tenta manter o trabalho e a filha tenta se manter forte. Todos tentam se manter vivos, mas na verdade estão se desmoronando.
Com uma história sensível sobre perda e culpa, uma trilha sonora sempre presente com uma bela canção ao final do filme, belas atuações, singelas e constantes e uma direção segura que não deixa o filme cair em nenhum momento no melodrama, longa consegue nos mostrar como a dor e a morte podem ser difíceis de serem aceitas. Não é algo para ser ter um fim, mas para tentar ser superado. O quarto do filho levou a Palma de Ouro em Cannes, mas foi pouco comentado e divulgado no Brasil. Uma pena, pois é uma pequena joia que nos mostra os valores familiares numa sociedade marcada pelo individualismo.
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