Um filme bem bobo, mas que consegue ser bem cativante. O longa conta a história de Penélope (Cristina Ricci) que nasceu com um nariz de porco devido a uma maldição lançada sobre a família dela tempos atrás. Quando um dos seus parentes se engraçou pela filha da empregada, a engravidou e acabou casando com uma outra mulher que pertence ao seu nível social, fazendo com que a moça desiludida se matasse, sua mãe, por vingança, lançou um feitiço sobre toda a família, a primeira garota que nascesse teria um nariz de porco e essa maldição só seria quebrada quando um do meio deles a aceitasse. Penélope então nasceu e permaneceu enclausurada em sua casa por anos, com sua mãe, Jéssica (Catherine O'Hara), temendo que ela fosse descoberta e vista pela sociedade.
Ao completar 18 anos, começou uma busca incessante para encontrar alguém do meio social deles para aceitar casa com ela, quebrando assim a maldição, entretanto, todas as vezes que os rapazes a viam, saiam correndo desesperados, frustando as expectativas da mãe e arrasando a ingênua Penelope. Porém, quando Edward (Simon Woods) um destes jovens que foge dela, quer provar da existência da garota para não ser mais considerado como louco se junta a um jornalista e contratam Max (James McAvoy) um jovem jogador falido, pra tentar tirar uma foto da garota é que os rumos de Penélope mudam de vez.
O longa é uma fabula moderna, um conto de fadas pincelados com toques da realidade, pois há como pano de fundo uma Inglaterra e inúmeras famílias de nomes trafegando pelo filme, tetando manter a imagem, pois nesse mundo onde o nome vale mais do que qualquer palavra e a imprensa está rodeando a todos para conseguir a melhor foto e o melhor babado, ninguém quer ficar com o filme queimando. No mais o drama é bem simples, com lições de moral bem claras e nítidas como valorizar a pessoa pelo o que ela é e se aceitar por isso, a beleza exterior é apenas supérflua, pois o que vale é o interior delas e bla, bla, bla. Porém, o que me chamou a atenção para esse longa é o seu trabalho técnico que está impecável: a fotografia, o figurino e até algumas locações estão ótimas.
A fotografia do filme é composta por cores fortes e vivas e além do mais, há um predomínio da tonalidade vermelha sobre todas as cenas, seja por meio dos figurinos, das casas, dos objetos postos em cena e até o lençol e cortina do hospital são dessa cor e venhamos, não é todos os dias em que você fica internado num leito em que a cor é de um vermelho sangue vivo, agora por qual motivo o uso abusivo dessa tonalidade não entendi. O figurino de todos no longa é bem interessante, pois temos uma Penelope usando roupas meio “filme de época”, com sua mãe tendo todo um armário moderno e o mocinho com um estilo boêmio. Coloco em destaque o quarto da protagonista, ele é totalmente estiloso, com seus vermelhos intensos, cores quentes e uma árvore de mentirinha super da hora, aquele quarto deve ter da um trabalho para a equipe do longa.
Outro ponto bacana é o elenco, apesar do drama ser raso, ele se torna tão cativante devido a química de seus personagens e o entrosamento entre eles. Todos estão muito bem em seus papéis, seja Cristina mostrando firmeza pra levar um filme como protagonista, McAvoy como mocinho que no início age como um cafajeste ou Catherine como a mãe de Penelope em seus medos e crises de nervosismo temendo que todos venham ver sua filha com um grande nariz de porco, por sinal ela é a personagem mais hilária. Há também uma Resse Witherspoon que aparece ao final do longa como amiga da mocinha, muito engraçada, apesar da pouca fala e em falar nisso é Resse a produtora desse longa.
Algumas curiosidades sobre o filme: ele ficou parado por dois anos depois das gravações e trabalhos finais e o grande ponto interessante é que ele foi lançado depois que o McAvoy se consagrou com o longa O último Rei da Escócia e obteve sucesso internacional com o Desejo e reparação, fazendo com o que o longa tivesse mais nomes de peso durante o lançamento, bom, isso é apenas uma constatação.
No mais, Penelope é engraçado de se ver, tem um cunho correndo por fora bem agradável que é a ideia de abordar como as pessoas da mais alta sociedade temem sua exposição na mídia e como são vistos, eles realmente se importam com que todos pensam. Fora isso, esse longa entretém, é gracioso, tem um instrumental bem gostoso e uma música que corre ao final do longa muito bonita. Enfim, gostei, não decepciona e nem desfavorece os contos de fadas que nos últimos anos tem sido relançado ao cinema com outros olhares ou observações distintas, nesse sentido temos uma Cinderela vivendo numa Inglaterra da Idade Média e um Chapeuzinho Vermelho com tons mais sombrios e provocante. Assim é a industria cinematográfica, quando se percebe que se contou todas as histórias, as recontam novamente com outros moldes, e para finalizar, esse filme é uma adaptação da obra de Marilyn Kaye. Esse filme vale a pena conferir.
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