Introspectivo, tocante e até em certos momentos poético.
Existem momentos em nossa vida em que simplesmente percebemos que não somos felizes. Que a vida que levamos, nossos relacionamento, simplesmente tudo que possuímos nos causa náuseas, angústia e desgosto. Mas mesmo com essa sensação de crise, nos sentimos presos a nossa vida. Presos em redomas que não podemos quebrar. Que não podemos nos livrar. Por mais que o desejo de ser livre e de mudar tudo seja imenso, não é mais que o nosso estado de inércia. Estamos presos, cansados, acomodados, anestesiados, simplesmente a deriva em nossa vida. É sobre esses sentimentos de mudanças e momentos de inércia que o filme retrata.
Marie e Bruce por ser independente e não seguir aquela linha da família feliz, mas que na verdade vive de aparências já é louvável. Com uma trilha sonora gostosa, uma fotografia com uma qualidade bem diferente da que costumamos ver e belas atuações de seus protagonistas é um filme que merece ser visto.
O longa retrata a história de Marie (Julianne Moore) que descobre em um ato de desespero que não ama mais o seu marido Bruce (Matthew Broderick), mas pelo contrário, o odeia, despreza, sente pena, tudo o que possa imaginar, menos paixão ou amor. Ela está decidida que vai largá-lo no fim da noite. É nessas doze horas antes do ato de separação desse casal que a história acontece.
Primeiro conhecemos os sentimentos que percorrem a mente de Mary. Suas cenas são mais dramáticas e intimistas. Duas cenas são verdadeiramente poéticas. A primeira e mais bela, em que ela está em um jardim, que mais tarde se parece com uma floresta. A fotografia fica mais reluzente, os sons das águas e do vento tornam-se perspectiveis. Ela se sente livre, seu corpo fica em um estado de êxtase. Ela fecha os olhos e sente a total e plena liberdade. A segunda é a cena de um sonho. Complexo, sem muito sentido aparentemente.
Após conhecermos Marie, o filme nos apresenta em menor escala Bruce. Ele é um sujeito legal, mas preso a receios. Teme tudo e todos. Uma cena explica claramente isso. Ele numa lanchonete, então entra uma garota bonita. Em seus pensamentos imagina uma possível conversa com ela e que se dando tudo certo, os dois transando. Mas quando vai agir, simplesmente fala: Cuidado, está quente.
Após conhecermos eles, nos deparamos com o fim ou um começo e uma sensação de como desejamos ser livres, mas criamos receio a essa liberdade. É como se depois de tanto lutarmos por algo e estamos prestes a consegui-lo, nos questionamos se esse caminho é o mais sábio a seguir. Nesse sentido, o filme caminha. Com uma produção simples e singela sem muitas pretensões ele faz uma leitura sobre dois personagens comuns e tão complexos ao mesmo tempo. Faz uma leitura sobre relacionamentos e seus dilemas.
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