Todo tem que aprender a conviver na vida com algo irrealizável, não é assim
Divã conta a história de Mercedes, uma mulher com uma vida estável financeiramente, um bom casamento, mas que do nada resolve procurar um psicanalista. Após isso passa a viver experiências nunca antes nem sonhadas que mudam sua vida de forma marcante.
Divã é divertido, gostoso, hilariante e dramático. O filme, uma produção brasileira, é simples em seu contexto. Não possui nenhum jogo de câmera surpreendente. A iluminação é trabalhada de forma correta. A trilha é gostosa, segue o ritmo do filme, os altos e baixos. Os diálogos são consistentes. As atuações são boas, Lilia Cabral sendo a protagonista, rouba a cena. Falando nisso, essa é primeira investida dela no cinema como protagonista, se bem que nas diversas novelas que ela fez na Globo, nunca a tinha visto no papel principal, estava apenas entre o núcleo central, mas nunca protagonista. O filme ainda é composto por José Mayer como o marido de Mercedes, uma boa atuação, poderia ser melhor, Reynaldo Gianecchini como o primeiro amante e motivo de sofrimento da personagem de Mercedes e por fim das figuras globais Cauã Reymond como novamente o garotão (se bem que esse ator está em quase todos os filmes brasileiros lançados ultimamente), entre os não globais destaque para a amiga de Mercedes, Monica (Alexandra Richter) em uma atuação hilariante. Enfim, o que faz desse filme ser tão interessante. Talvez seja o modo como ele é levado.
O filme surge de forma despretensiosa, querendo apenas contar a história de uma mulher que se vê simplesmente diante de um analista e começa a falar sobre sua vida e percebe que por meio de uma curiosidade ela começa a viver experiências antes nunca imaginadas. Mas o filme não é apenas isso. Alguns detalhes fazem toda diferença. Primeiro: não mostra a figura do psicanalista, sendo assim, ele pode ser eu, você ou toda torcida do Flamengo que estiver com você no cinema assistindo a esse filme. A personagem de Lilia Cabral se abre de uma forma muito interessante. Simplesmente ela incorpora a personagem e luta por ela tentando dar razões ao psicanalista ou a quem vê o filme que, sim, ela é uma mulher feliz, mas que apenas não tem total certeza dessa felicidade. Segundo aspecto: em todo momento, bom pelo que contei, são três ou quatro vezes em que Mercedes fala uma pérola sobre a vida que todos nós sabemos, mas ninguém consegue viver na prática, ela olha para o psicanalista e diz: não é assim. Ou seja, todos nós sabemos que a vida não é fácil, que nada vem de graça, que todos tem altos e baixos, tristezas e alegrias e que ninguém é feliz vinte e quatro horas por dia, mas no meio de tudo isso ainda existe um mas que faz da vida ser válida para ser vivida. É simples? Bem, não é tão simples assim, pois teoria e prática nunca andaram bem juntas é não é agora que isso irá funcionar. Mercedes após a consulta com o terapeuta tem altos, muitos momentos altos, porém tem quedas que a fazem chorar, se desesperar e sofrer. Entretanto ela continua.
O filme é marcado por duas cenas muito interessante, que começam e encerram a história. Uma loja, ou melhor dizendo, um vestido em especial e uma galeria de arte. Porém, as ações diante dessas cenas são completamente diferentes. Enfim, um filme brasileiro muito gostoso de assistir, que faz você rir, chorar e se emocionar sem ser escachado ou cheio de clichês. Esse longa é uma prova que tem como sim um cinema consistente com uma boa história andar junto com uma boa bilheteria. Divã não está entre os filmes mais assistidos deste ano e é fato que não superou Se eu fosse você nos cinemas, mas mostrou uma história bacana, gostosa e divertida.
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