Mad Max – A estrada da Fúria - "O futuro pertence aos loucos"
Quando você quer assistir a um filme de comédia o que pretende encontrar é um bocado de piadas e situações hilariantes aos quais lhe farão rir e/ou se divertir, quase sempre lhe entediar também.
Num romance espera-se amor, paixão, relacionamentos, adaptações históricas de novelas consagrados que ultrapassaram o tempo e até hoje encantam quem os lê, por exemplo, Romeu e Julieta.
Num drama, os mais requisitados, o espectador procura por uma mescla de todos os fatores, mas o que prevalece mesmo são as interpretações dos atores a partir dos roteiros destinados a eles.
Mas quando queremos um filme de AÇÂO, e aqui eu escrevo em caixa alta, o que queremos encontrar? AÇÂO! Pois então, em 2015, apareceu um filme espetacular, que se encaixa perfeitamente na caracterização a qual ele se pretendeu destinado – Mad Max – A Estrada da Fúria – Trata-se de um “road movie” (filme de estrada) que se passa nos desertos da África do Sul, Austrália e Namíbia. É um filme apocalíptico que encerra uma das três opções para filmes deste gênero: Primeiro - futurista – com toda sua tecnologia, robôs, nanotecnologia, teletransporte e carros voadores; Segundo - isolados num planeta – A Terra está prestes a ser destruída ou corre risco de ser destruída por alienígenas e os poucos humanos que restam são levados para um planeta vizinho, e só quem pode salvar é um “zé ninguém”, vindo sabe-se lá da onde, mas com atribuições de Messias; Terceiro - e por último a que encontramos aqui: A visão apocalíptica da Terra onde os recursos naturais são escassos e um tirano domina esses poucos recursos utilizando-os como meio de escravidão.
Aqui começa a saga de Max, não é o mesmo Mel Gibson da Trilogia anterior, aliás, a participação do ator Tom Hardy é tão fraca que se não fosse a atuação da exuberante Charlize Theron no papel de Furiosa o longa poderia ter perdido um pouco do seu glamour, então, refaço o que disse: Aqui começa a saga de Furiosa (no filme ela é coadjuvante). O filme estourou no Oscar 2015, ganhou seis estatuetas.
Ele, Max, é capturado no deserto pelo tirano Immortan Joe, e passa a ser uma bolsa de sangue universal, assim eram utilizados os humanos, pois transferiam seu sangue para os guerreiros meia-vida do exército de Joe. Esse tem por finalidade reinar absoluto, numa ditadura eterna, controlando o que resta daquele lado do mundo, entre eles os recursos naturais, em especial a água, aqui chamada de água-cola, numa referência direta ao refrigerante, pois, tal qual na vida real o mesmo vicia, lá, também o viciava, segundo Joe: “Não se viciem em água. Ela terá controle sobre vocês e vocês sofrerão com sua ausência.” Mas, como toda unanimidade é burra, havia alguém descontente com a supremacia escravagista e com a lavagem cerebral que Joe implicava aos seus escravos, fato aqui a ser retratado: Eles, assim como os Vikings, acreditavam num paraíso chamado Valhala e adoravam a ideia de poderem morrer heroicamente para entrarem nos portões de tal Eldorado fictício, imposto pelas palavras de um homem. Continuando, o descontentamento partia do lado de uma das esposas de Joe, a Imperatriz Furiosa. Numa viagem em busca de petróleo na Vila Gasolina ela decide mudar a rota e fugir com alguns de seus escravos, a partir daí o filme se transforma num verdadeiro pandemônio. Perseguição, veículos enferrujados, mas com potências animalescas, fogo cruzado de todas as partes. No carro de Immortan Joe na parte de trás fica um grupo de percussionistas tocando o tempo todo e na parte da frente um guitarrista com uma parede de amplificadores ligada a seu instrumento que a toda nota que dá sai um chama de fogo de sua guitarra. No meio disso tudo, encontrasse amarrado à frente de um dos carros, com uma focinheira, Max, que passa grande parte do filme nessa situação. Digamos que o filme tenha 120 minutos, setenta por cento é só ação.
O grande achado do filme foi o de não cair nos clichês dos filmes de ficção científica, quando tudo é tão previsível, sistemas modernos, aparelhos hi-tech, aqui, tudo é novo, nada parece ser copiado, cada ambiente, cada detalhe, o figurino é espetacular. Os cenários são de um verdadeiro fim de mundo mesmo.
Uma referência técnica bastante utilizada no filme, que deu mais agilidade em todas as suas cenas foi a velocidade de projeção das cenas num “fast motion” que há muito tempo não se usava, recurso dos filmes de comédia e no cinema mudo. Percebo que o genial George Miller quis brincar ainda mais com a brutalidade de ação do filme, não dando tempo do espectador respirar em momento algum enquanto assiste a essa “Loucura Máxima.”
Furiosa, no filme, é destruidora, não tem cacoetes femininos, mas também, não deixa de ser mulher, é a guerreira suprema, parece ter incorporado o espírito do primeiro Mad Max, quando presenciou a morte da esposa e da filha. Não possui um braço, tem um braço mecânico, ela está acompanhada das outras esposas de Joe.
Três comboios de guerra irão se enfrentar, eles duelarão em busca de um único objetivo, parar Furiosa e recapturar as esposas de Joe, principalmente a que está grávida, Angharad, mas, o que seja o destino tal qual ele se desenhe, mesmo na ficção, Immortan Joe tão fixamente e obstinadamente que estava à procura de sua esposa e de seu futuro filho, acaba, ele mesmo, por matá-los, passando por cima dela.
O objetivo de Furiosa é chegar a um lugar chamado Vale Verde, o local de onde ela nasceu e que foi roubada. Chegam aos pântanos, e lá, oficialmente, acontece um dos únicos atos em que Max realmente demonstrou heroísmo, conseguiu derrotar uma tropa que os perseguia dando vantagem para que pudessem seguir na trilha.
Quando chegam a determinado local do deserto encontram uma quadrilha de mulheres motoqueiras que lhe diz não haver mais Vale Verde. Perdem por alguns momentos a esperança de encontrarem algum lugar. Max, diz que o único caminho é voltar para a Cidadela e a ação recomeçará. Max Mata o Come Gente e Furiosa mata Immortan Joe. Carregam seu corpo e quando chegam à beira do precipício da Cidadela mostram o corpo de Joe e diz que ele está morto, os seus escravos, como se fossem aves de rapina, estraçalham aquele cadáver podre que os subjugaram por tanto tempo.
As pessoas, que agora não seriam mais escravas mandam abaixar a ponte para que Furiosa e as ex-esposas de Joe entrem, ela é ovacionada e Max se perde na multidão, numa proposital troca de valores de importância do “leitimov” do filme. Já lá, desde os primeiros minutos quando foi capturado e quando foi aprisionado ao carro que fora conduzido por quase todo o deserto, sem se conhecerem, haveria a conexão entre o alienado guerreiro meia-vida que dirigia o carro, Furiosa e Max, ambos estariam juntos para destruírem a tirania e a submissão de um ditador. Por fim, "O futuro pertence aos loucos."
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