CREED – Nascido para lutar
Creed fornece uma interessante ideia para a confecção de um argumento original. Mas a possibilidade genial de por fim a uma franquia que por anos rendeu muitos filmes clássicos acaba logo nos primeiros minutos de sua primeira cena. Resgatando basicamente a mesma temática usada em Rocky Balboa, o filme anterior da franquia. Em Creed a cópia só se diferencia na escala de fama dos personagens, enquanto Rocky terminou sua carreira enquanto foi famoso, o protagonista deste ainda é um obscuro pugilista, querendo o alto. Esse é o argumento utilizado nesse previsível longa que pretende contar a história de Adonis Creed, filho rejeitado do famoso boxeador morto Apollo Doutrinador. Aqui eles fogem de um lugar comum em filmes de luta, que é a utilização do pretexto de superação, do mais fraco vencer o mais forte, tipo Davi contra Golias; do lutador desconhecido que vem de uma periferia pobre qualquer e atinge a fama. Mas, ao tentarem sair desse lugar comum, acabam entrando num dilema de possíveis campos criativos para a gestação do filme e nessa percepção concordam que o mais plausível seria utilizar a mesma técnica criada nos filmes de “Rocky” há mais de três décadas.
Está tudo ali, um boxeador desconhecido e cheio de vontade de lutar, peça que vimos com maestria em “Menina de Ouro”. Uma falsa inquietação com o trabalho que exerce, a personagem não consegue transmitir a emoção de uma pessoa que está incomodada com aquilo que está fazendo. Ele pede demissão, volta para sua mansão, irônico, e basicamente, em nuvens de memórias digressivas se imagina num ringue de boxe. O ator Michel B. Jordan que interpreta o Adonis não transfere, em momento algum, um mínimo de empatia e/ou carisma necessários aos lutadores, que são considerados guerreiros modernos, para o público que o assiste. Esse papel coube a Stallone, ao qual, com méritos próprios, num personagem que geralmente poderia passar despercebido, pois nunca ninguém prestou atenção em treinadores de boxe. E é com ele que percebemos a única informação relevante que o filme traduz, a doença de Rocky, um câncer, e a iminência de sua possível morte, pois imaginar que um herói eternizado no cinema nunca pode morrer, essa é a função da ficção.
O filme também peca nas várias e longas passagens de cenas de Adonis treinando, são desnecessárias. É bastante perceptível que ele, em momento algum do filme se demonstra despreparado, nem tampouco, tem dificuldades com os treinamentos.
Quanto às lutas, existem duas observações a se fazer – Não transmite aquele frisson e aflição que causam até hoje assistindo os filmes antigos do Rocky novamente. Essas são lutas patéticas, sem nenhuma criatividade, nenhum momento de perigo iminente ou algo mais cru. Mas, com a ajuda dos recursos obtidos atualmente, as câmeras nos possibilitou ver as cenas por ângulos nunca vistos antes. Podemos ter uma perspectiva mais realista, como se estivéssemos no ringue sendo o próprio protagonista do filme.
Analisando com olhar clínico, o filme faz referências sucintas sobre as lutas, o restante do filme é focado em Adonis e sua namorada, Stallone e sua doença e por fim, volta novamente seu foco para uma luta muito mal construída, que não contribuiu em nada para os filmes de ação e de luta.
É a mesma visão que eu tive do filme...
Uma correção: Stallone não levou o Oscar por este papel.
Sua análise é interessante, embora muito focada nas cenas de luta e nostalgia. Vale frisar que este, assim como o primeiro filme da franquia, nunca foram filmes sobre boxe/luta, mas sim filmes sobre superação e/ou auto-afirmação, respectivamente. O esporte serve apenas como pano de fundo.