Obra soberba e inovadora. Aurora representa, não só, um digno encerramento do cinema mudo, como também um filme inovador a inúmeros níveis. Sendo realizado no período dos primeiros exercícios com o som, foi realizado numa época em que a linguagem cinematofráfica havia atingido um grande desenvolvimento. Na época em que foi realizado, algumas técnicas cinematográficas não haviam sido ainda introduzidas no cinema norte-americano, algo que mudou com Aurora. O contraste claro-escuro, por exemplo, é uma evidente característica de Aurora, que era típica do Expressionismo Alemão, movimento que influenciou bastante esta obra. F.W. Murnau, cineasta alemão, e talvez o mais importante nome do Expressionismo Alemão, realizou diversos filmes na Alemanha, entre os quais se encontram os mais importantes do movimento, como Nosferatu e Fausto. Aurora, ao contrário do que muitos pensam, não é um filme pertencente ao Expressionismo Alemão, visto ter sido realizado nos Estados Unidos da América, mas reúne uma série de características do movimento que nunca haviam sido utilizadas em território norte-americano, como já referi acima. Uma belíssima história, contada de maneira a construir uma narrativa perfeita, e onde tudo se encontra ordenado minunciosamente. Por exemplo, em diversas cenas, individualmente, diversos elementos são postos em causa(além dos personagens) de maneira a captar constantemente a atenção do espectador. A música também é um aspecto extremamente relevante a realçar, visto, em nenhum momento, surgir indiferente à atmosfera que se estabelece. Reúne uma outra série de características importantíssimas, como a sobreimpressão, presente em vários planos, além de ser também evidente a geometria dos planos, como por exemplo o plano do cais, em que o personagem masculino se prepara para partir, com a mulher, que deseja matar. Em suma, o filme brilha pelo forte impacto que teve no cinema mundial, e só realça a importância de F.W. Murnau na história do cinema. Um dos poucos filmes que se podem considerar perfeitos. Quem diz que o cinema americano é mau e supérfluo, não sabe o que diz.