Um embuste. A premissa de analisar e desconstruir, por dentro, o discurso de ódio dos neonazi, o bom uso das cenas de violência e a atuação imbatível do Edward Norton até dão certo valor a esse filme do Tony Kaye. No entanto, a insistência dele no didatismo, o uso do drama como suporte principal (enquanto todo o resto soa superficial e caricato) e a sequência final pra lá de moralista e “redondinha” puseram tudo a perder. Sem falar que é um típico filme overrated.
O filme do Kaye, ao utilizar uma estrutura convencional e rasa para convencer o espectador do seu propósito, subestima-o. De forma sintática, American History X é um clássico caso de filme sobre superação onde através da redenção do protagonista e do apelo ao melodrama, chega-se à fadada moral da história – nesse caso, com o agravante [SPOILER] de se recorrer a uma narração em off na sequência final. Não há recurso narrativo mais batido e ofensivo do que este [/SPOILER]. De tão didático, American History X dá a impressão de que foi concebido para a TV, tal qual esses vídeos-campanha sobre drogas que são mostrados nas escolas.
Além disso, a “volta por cima” do Derek Vinyard até soa convincente, mas no caso do seu irmão, Danny, [SPOILER] que abdicou de seus ideais nazistas em apenas um tête-à-tête, nem um pouco. Bonito, mas totalmente inverossímil – mesmo ele tendo o Derek como modelador de sua conduta problemática. [/SPOILER] Os poucos méritos de American History X, como aquele diálogo inflamado no café-da-manhã e a desconjunção dos discursos falaciosos que caracterizam o fanatismo (evidenciando, inclusive, o surgimento desses preconceitos no seio familiar), não sustentam o filme, que carrega o desafio gigantesco de retratar um tema que é dos mais urgentes nos EUA.
No fim das contas, termina como mais um filme de redenção/superação tipicamente americano (leia-se forçosamente edificante) que apela pra símbolos clichês e seduz com belos planos em p&b e slowmotion (não por acaso Tony Kaye é famoso por dirigir videoclipes). Talvez se o diretor não se preocupasse, deliberadamente, em ser tão educativo (de forma quase publicitária), e tivesse dedicado mais tempo aos conflitos de outros personagens centrais (como o próprio Danny), o filme seria mais convincente.
Nas mãos certas, daria uma bela obra-prima.
Achei esse filme "pointless". Tinha tudo pra ser bom, com um premissa interessante, mas se perdeu na demagogia e na lição de moral. Um bom roteiro não é feito de um bom tema e sim de um bom desenvolvimento, esse filme está aí pra provar isso.