A história inicia-se com personagem Evan Treborn, um adolescente entrando desesperadamente em uma sala, colocando móveis na frente da porta e escrevendo uma carta bem tensa sobre o seu possível fim. Logo depois a história volta alguns anos, mais precisamente para quando Evan tinha apenas sete anos de idade. A partir daí, o filme desenvolve outros personagens e em várias situações que devem ser vistas com atenção, já que o roteiro revisa esses acontecimentos mais para frente, para juntar todas as peças do quebra-cabeça.
Durante a infância de Evan, descobre-se uma característica sua bem peculiar: sua falta de memória. A mente do menino simplesmente apaga alguns momentos de sua vida. O filme transmite isso durante o período dos sete aos treze anos de Evan, contando a historia de forma linear, porém com alguns cortes em cenas importantes, deixando o expectador sem saber o que aconteceu em determinados momentos.
Umas das cenas chave de toda a trama, trata-se da explosão da caixa de correios de uma casa: Evan, juntamente com seus amigos Lenny, Tommy e sua irmã Kayleigh Miller (paixão de Evan) decidem explodir com dinamite uma caixa de correios, mas alguma coisa sai errado. No primeiro momento não se sabe o que aconteceu, justamente pela historia retratar a falta de memória de Evan e “cortar” essa cena. Depois com as recordações de Evan, descobre-se que a brincadeira se tornou uma tragédia, machucando uma senhora e um bebe.
Passam-se alguns anos e a vida de cada um desses personagens toma um rumo diferente. Após anos de terapia e a ajuda de um diário, Evan não tem mais perda de memória e passa justamente a lembrar o que aconteceu nesses períodos. Em uma dessas lembranças, Evan acaba percebendo um grande potencial: manipular o tempo através desses espaços guardados em sua memória. Essa “maldição” de manipular o tempo foi passada de geração por seu pai, que também tinha o poder, entretanto fora internado como louco já que ninguém acreditava nele.
Evan nunca deixou de amar sua ex-vizinha Kayleigh, e por isso ele resolve voltar à cidade onde cresceram para revê-la. O reencontro não sai como esperado e traz de volta problemas enterrados. Para tentar solucioná-los, Treborn começa a reler suas memórias, para voltar à sua infância mudar o que aconteceu.
Justamente quando essa manipulação temporal acontece pela primeira vez no filme é que tudo começa a embolar. A cada vez que Evan volta ao passado e altera alguma ação que ele não se lembrava que havia feito, todo o futuro muda. O problema é que a cada vez que ele altera esse passado, parece que alguma coisa ruim acontece, nunca ficando da maneira ideal para seguir a vida.
Apesar de ser uma ficção, o grande atrativo dessa historia está justamente no fato de falar sobre viagens no tempo, juntamente com a Teoria do Caos, explicando exatamente o que poderia acontecer com o chamado "efeito borboleta”, titulo do filme e que foi teorizado pelo matemático Edward Lorenz, em 1963.
A Teoria do Caos para a física e a matemática é a hipótese que explica o funcionamento de sistemas complexos e dinâmicos. Isso significa que para um determinado resultado será necessária a ação e a interação de inúmeros elementos de forma aleatória. Como exemplo, imagine na natureza a formação de uma nuvem no céu: ela pode ser desencadeada e se desenvolver com base em centenas de fatores que podem ser o calor, o frio, a evaporação da água, os ventos, o clima, condições do Sol, os eventos sobre a superfície e inúmeros outros. Para a maioria de nós, a soma de uma quantidade indeterminada de elementos, com possibilidades infinitas de variação e de interação, resultaria em nada mais do que um acontecimento ao acaso.
Pois é exatamente isso que os matemáticos querem prever: o que as pessoas pensam que é acaso mas, na realidade, é um fenômeno que pode ser representado por equações. Alguns pesquisadores já conseguiram chegar a algumas equações capazes de simular o resultado de sistemas como esses, ainda assim, a maior parte desses cálculos prevê um mínimo de constância dentro do sistema, o que normalmente não ocorre na natureza.
Os cálculos envolvendo a Teoria do Caos são utilizados para descrever e entender fenômenos meteorológicos, crescimento de populações, variações no mercado financeiro, movimentos de placas tectônicas, entre outros.
A Teoria do Caos é conhecida há vários séculos e está representada na sabedoria popular:
•Por falta de um cravo, perdeu-se a ferradura;
•Por falta de uma ferradura, perdeu-se o cavalo;
•Por falta de um cavalo, perdeu-se o cavaleiro;
•Por falta de um cavaleiro, perdeu-se a batalha;
•Por falta de uma batalha, perdeu-se o reino.
O resultado de uma condição inicial sujeita à pequenas variações é completamente diferente do original. Nesse folclore, é o mesmo que dizer que por falta de um prego se perdeu o reino. Apesar de os efeitos da Teoria do Caos estarem tão presentes no nosso dia, como na meteorologia, na irregularidade da pulsação cardíaca, no gotejar de uma torneira, no relampejar, nas montanhas, nas árvores, no crescimento de uma população, no partir de um copo no chão e por aí fora, esta começou a ser estudada apenas há alguns anos, talvez porque antes, sem recurso a computadores, os cálculos necessários, que são bastante repetitivos, fossem demasiado aborrecidos.
A primeira verdadeira experiência sobre o caos foi feita por um meteorologista, Eduard Lorenz. Nas suas previsões sobre o tempo, geradas através de um programa de computador que tinha desenvolvido, constatou que, mesmo introduzindo grande parte da mesma seqüência no padrão original, o resultado final era diferente. Esse efeito ficou conhecido como “efeito borboleta”. A diferença entre os pontos iniciais de duas curvas distintas é tão pequena que é comparada ao bater das asas de uma borboleta. E o simples bater das asas de uma borboleta, hoje, produz uma pequena alteração na atmosfera que pode, num determinado espaço de tempo, produzir um efeito diferente do que iria acontecer. Diz-se que o bater das asas de uma borboleta em Portugal pode provocar um tornado na China, ou fazer com que um tornado na Flórida não aconteça.
Como aprendizado nesse filme, pode-se dizer que pequenas ações hoje (e aparentemente insignificantes), podem influenciar grandes resultados em um futuro. Diferente de Evan, que não planeja muito bem suas atitudes, gerando efeitos inesperados, as pessoas precisam ter consciência dos seus atos e suas conseqüências, seja em qualquer aspecto: familiar, profissional ou ambiental (tome como o exemplo, o problema do aquecimento global no planeta). Não podemos viajar no tempo para mudar as coisas, nem prever com certeza o futuro, mas podemos, ao menos, tentar escolher o caminho mais certo.
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