A comédia americana voltada para contar as desventuras do jovem ou adolescente deslocado em seu meio e cheio de angustias, passeando entre o ambiente escolar, quartos e fuga com amigos, de anos em anos, em meio às desgastadas meras repetições formuláicas rende filmes realmente originais e excitantes, que revigoram um subgênero eterno por natureza. A bola da vez poderia ser The Babysitter.
A baba não é um filme necessariamente sobre uma geração, pouco esforço faz para isso, muito menos revelam angustias particulares da juventude atual, prefere uma abordagem mais generalizada, uma vez que o que assola o jovem Cole tratam-se de problemas universais a qualquer geração. Ele claramente não se vê encaixado, e o filme opta por um atalho para demonstrar isso, o slow motion em torno do garoto nas cenas em meio aos demais jovens é interessante, mas da fato, pouco orgânico, pois soa como a confirmação de um argumento, porém falta consistência a este, resumindo-se a cenas de bullying e a diálogos com uma garota.
O surgimento da babá na história traz consigo o que o filme tem de melhor, o frescor de uma abordagem estilizada e dinâmica que de fato funciona muito. Bee é a personificação da garota ideal para a mente de um colegial, lindíssima, porém com um tempero colhido em algum exploitation de cunho feminista e marginal de Russ Meyer - Faster Pussycat! Kill! Kill!? -, a jovem é dona de si própria, tem uma vida passada desconhecida, não mede esforços e ainda chuta bundas para defender o garoto, e consegue ser doce e acolhe-lo em brincadeiras infantis. E a câmera não nega o lado badass da moça em sua introdução, sempre radical e bem personalizada.
Mesmo com falhas na construção do protagonista, o filme caminhava firme, o ponto de virada e o grande sopro de frescor do filme vem, quando justamente o garoto, cheio de medos resolve fazer algo fora da linha, e vê Bee, realizando a cena que sempre quis ver, o ápice da sensualidade para ele, quando de repente, a lá, Um Drink No Inferno, a sanguinolência toma conta, nada é o que parecia, e a jovem é quase o próprio demônio, ai The Babysitter passa exalar o tal falado frescor, o interessante é ver que bebeu claramente de muitas fontes, o já dito clássico de Meyer, os filmes adolescentes, demais exploitations, daqueles homenageados pela Grindhouse, com muita tiração de sarro, um humor negro muito sujo e claro, muita violência banalizada, e junta tudo isso ao seu modo, criando uma atmosfera extremamente divertida, funcional e dinâmica. E para melhorar, tudo isso descamba para um Esqueceram de mim badass.
Então, aqueles momentos alucinados se tornam um jogo de gato e rato bastante eficaz, ainda que nem tanto original assim. O grande problema surge nas soluções, nem tanto trabalhadas como deveriam, acabando por deixar fraquezas evidentes no desfecho da aventura, que poderiam muito bem serem evitadas, um final menos correto soariam bem melhor depois de tantos acontecimentos marcantes.
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