O peso da tradição abraâmica que entra em choque com os anseios individuais. Concentrado apenas no tribunal e na sala de espera, o filme é claustrofóbico em seu minimalismo (vide a direção de arte) e na sua brutalidade. A figura do marido é implicitamente a de um monstro com traços sociopáticos camuflados por uma cultura patriarcal. Os diálogos e as intrigas giram em torno do poder sobrepondo-se à liberdade, arrancando a sua força (com ótimas atuações) diante daquela injustiça.
O tema da posição da mulher na religião judaica é abordado de forma crua, sem melodrama, a partir de roteiro, direção e fotografia eficientes em desnudar absurdos e criar uma experiência claustrofóbica e melancólica, como a história de sua protagonista.
Evocando o cinema de Farhadi, o filme israelense tem o mérito de enclausurar o espectador na sala de julgamento. A aflição genuína da mulher que se transmite ao espectador e toda sua amargura e claustrofobia.
Com atuações dignas, que sustentam a simplicidade (e até a repetição excessiva) do roteiro, o filme questiona, de maneira eficiente, uma tradição religiosa (o casamento "arranjado" bem cedo) que rege a vida de pessoas, independente de sua vontade.
Ao final da projeção um sentimento de estar alheio de si mesmo vai se formando e somos convidados a refletir sobre a condição da mulher diante do seu meio. Obra perturbadora, mundo de ponta cabeça.
Confinando-nos em 2h dentro de um tribunal, o filme é a metáfora perfeita para a situação claustrofóbica da protagonista, que deseja nada além da sua liberdade, tudo sem cair em chavões fáceis como abusos e violências. É a luta pelo simples direito de ser