O encontro de Brisseau aos conceitos que lhe são tão caros: carne, sexo e mistério. Um peculiar estudo de personagens em que corpo e poder tornam-se a mesma coisa; são um modo para a afirmação do ego, uma constante forma de se autovalorizar em meio ao desejo alheio. A imagem como instrumento de poder, os relacionamentos como jogo de dominação, levando a uma encruzilhada enfática onde o trio de personagens (todos da mesma natureza moral) se entrecruzam e se chocam, formando um explosivo 3 ato.
A textura do cinema de Brisseau tem uma autenticidade intimista a ponto de parecer ousadia o rumo que suas histórias tomam. Foi uma ótima primeira impressão.
Um filme sobre a efervescência do corpo, seu domínio sobre a palavra, o extremo da carne e a significação do desejo inconsciente. Mas não é o erotismo que está no cerne do filme, mas sim a imagem, sua potência, mecanismos e fascínio. A própria encenação.
Jogo erótico sem precendentes habitado por personagens que seduzem uns aos outros e enganam-se a cada nova descoberta. Brisseau faz o mesmo com o espectador com sua mise en scene calcada no que há de mais forte na história das imagens em movimento.