- Direção
- Carl Theodor Dreyer
- Roteiro:
- Hans Wiers-Jenssens (peça teatral), Paul La Cour (hinos), Carl Theodor Dreyer (roteiro), Poul Knudsen (roteiro), Mogens Skot-Hansen (roteiro)
- Gênero:
- Drama, Romance
- Origem:
- Dinamarca
- Estreia:
- 31/12/1969
- Duração:
- 97 minutos
Lupas (15)
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Algumas pessoas transformam a fé religiosa em tirania e fanatismo. Cultivam a escuridão em detrimento da luz. Temem o desejo, o calor dos corpos, acabam por se entregar a hipocrisia, ao egoísmo, ao medo. Muito pior para as mulheres, sua sexualidade é castrada, seu corpo controlado por homens fracos e rancorosos. O amor é pecado em um mundo sombrio e opressivo, o sonho vira pesadelo, a consciência se perde frente à onipotência de um divino eternamente em silêncio. Realização assombrosa de Dreyer.
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Carl Dreyer impõe um nível tenebroso ao filme com uma crítica logo de cara à Igreja Católica na impactante cena da fogueira. Depois, seguem arrependimentos, traições, desconfianças... Tudo isso regado pela tensão do que são ações - incluindo o poder da palavra - que podem levar pessoas a serem vítimas do ambiente hostil retratado. Só o Cinema poderia conceber essa obra.
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Toda encenação e crueldade do prólogo é incrível e nos remete a maldade histórica da religião. No decorrer do filme toda a expectativa criada cai um pouco, sobrando para a representação humana de um ser "diabólico", o papel de uma jovem oprimida no casamento e que ousou se entregar a um clima de erotismo e paixão proibido, dar uma sequência interessante e garantindo, se não um filmaço, um trabalho muito bom de Dreyer.
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No ensurdecedor silêncio do interior da paróquia, onde o único ruído é o tique-e-taque do relógio, Dreyer cria a atmosfera perfeita, já típica dos seus filmes. O diabo parece estar presente em toda a parte.
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Mais um preto e branco lindão de Dreyer. Os seus tinham muita parte emocional - com significado - e são envolventes mesmo lentos, tinham o tamanho certo também. Final do bons, dúbio e repentino - mesmo não feiticeira, era uma bela bruxa afinal.
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Acerta na pouca trilha sonora, deixando o filme mais duro. A história simples, mas profunda, transita entre o retrato do terror católico para a densa relação familiar, que acaba rendendo reflexões mais interessantes e, até mesmo, uma releitura bíblica.
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Filme duro, sisudo, contemplativo.Pra mim, difícil de embarcar.
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Seja no conteúdo visual (a bela fotografia, o apuro visual e a força de seus planos) ou no conteúdo narrativo (as discussões sobre a fé e as formas com que os indivíduos a manifestam), Dreyer encontra muito sucesso aqui. Grande filme.
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14/01/11 - De maneira subjetiva, Dreyer retrata a crise da fé e a relação da igreja com o paganismo, e o desfecho pode ser tanto a afirmação como a negação dessa fé. A fotografia dos filmes de Dreyer são impressionantes.
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Com boas atuações, o filme se predispõe a explorar um roteiro baseado em temas polêmicos para sua época, mas a superficialidade com que os aborda tira a tensão do drama, o que deixa o conjunto monótono, principalmente, no desfecho abrupto e incoerente.
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Incrível como Dreyer esculpia o tempo com olhos de águia e sabedoria ateniense, numa elegância invejável a cada punhado de cenas. Filme grande, cuja essência do seu diretor Hollywood e outros de um mundo órfão tanto tentaram reencenar.
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Um filme simples, mas muito impactante, que humaniza e discute valores católicos em plena Idade Média. Sagaz ao permitir dupla interpretação, uma cética, crítica e humana, a nossa, e outra dogmática. O título sintetiza algo como 3 min de ódio de G.Orwell.
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O grande mérito de Dias de Ira,além da óbvia qualidade de confecção dos planos e fotografia que beiram a perfeição, é identificar uma crítica ferrenha,vinda de um individuo altamente religioso,às atrocidades cometidas em nome da ignorância da gente de fé.
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Impecável! Aqui, Carl Theodor Dreyer consegue produzir uma obra além da perfeição. Super recomendado.
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Uma representação (porque não ambígua?) de como dogmas religiosos destroem pessoas diferentes e de formas diferentes. A beleza dos sentimentos revelados pelos dois jovens amantes contrastam com a frieza abominável de um mundo intolerante e pobre de ideias