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Críticas

Cineplayers

Continuação não é para ser levada à sério.

4,0

Efeito Borboleta foi um inesperado sucesso que, em 2004, chamou muita atenção com sua fórmula de viagens no tempo e por trazer o então queridinho das adolescentes Ashton Kutcher no papel principal. É um bom filme - não é nenhuma obra-prima, mas tem suas qualidades em meio a tanta besteira pop que Hollywood produz mensalmente. Porém, como de costume nessa indústria, se algo faz sucesso, sua fórmula é reaproveitada até a última instância, sugando todo o tipo de energia que ela pode oferecer antes de sua extinção – foi assim com Tubarão, O Exorcista e diversos outros filmes que, com o sucesso inesperado, acabaram se tornando cinesséries não planejadas.

Neste novo exemplar, Sam (Chris Carmack) é um jovem de dom já conhecido pelos filmes anteriores: com sua capacidade de voltar no tempo, ele trabalha para a polícia, solucionando casos antes indecifráveis. Quando uma amiga pede ajuda para inocentar o acusado de assassinato de sua irmã, que foi preso e condenado à morte injustamente, Sam resolve voltar no tempo e impedir que a jovem, também sua amada, seja morta. Só que, com isso, ele está contrariando uma regra básica de seu poder, que é não interferir no passado, a risco de piorar todo o seu presente e o dos envolvidos. Com essa interferência, ele acaba criando um serial killer, que vai piorando tudo o que Sam tenta consertar a cada viagem, deixando-o obcecado para descobrir quem seria o assassino.

Mesmo com o fracasso do segundo filme, alguém teve a brilhante idéia de fazer um terceiro Efeito Borboleta, inserindo mais sangue à Jogos Mortais e viagens no tempo cools, com tecnologia e controle da situação – ou pelo menos, quando não há controle, há ciência do que está se passando por parte dos personagens. E se no começo a história tenta se manter na linha de congruência dentro das próprias regras criadas, no final já está tudo tão embolado que chega a ser constrangedor.

Efeito Borboleta: Revelação usa das regras quando lhe é conveniente, mas quando essas mesmas regras impõem empecilhos para que a história faça algum sentido, o roteiro simplesmente as ignora e acredita que nós não iremos perceber isso. Fora que não há nenhuma preparação para usar o suspense a seu favor: só pelo fato do poder que Sam possui ser tão conhecido, tão "controlado", tira um pouco da mística do filme, de sua imprevisibilidade, tornando-se um filme comum sobre psicopatas.

Se no primeiro filme o interessante era justamente essa incerteza dos acontecimentos e o modo como os personagens desconheciam onde estavam pisando, aqui tudo é high-tech demais, com controle do poder através de laptop, banheira e gelo, o que deixa tudo ridículo. Quando o personagem volta no tempo e depois retorna à sua época original, já sabemos que algo se alterou e não há nenhuma surpresa quanto a isso. O único suspense fica mesmo em quem é o assassino, em uma trama que se encerra de maneira cabulosamente ruim, com atores exagerando em seus papéis e um roteiro que escreve diálogos simplesmente patéticos.

Sabendo que sua história não tinha força, o filme aposta na violência para impressionar: muito mais visceral, faz o primeiro parecer uma comédia infantil perante esta sequência. Espere por corpos sendo decepados, mortes violentíssimas, sexo quase explícito, enfim, tudo para deixar o filme o mais ao gosto jovem americano possível. E se a fotografia acerta ao deixar tudo mais real, sombrio, a arte complica por criar um assassino patético, com um sacão de feijão laranja na cabeça apenas para não vermos quem é até a hora que o diretor quer. Chris Carmack, da série The O.C., até que consegue levar o filme com seu carisma, mas o roteiro está toda hora o sabotando, ao invés de trabalhar a seu favor.

Talvez o maior defeito de Efeito Borboleta: Revelação é se levar a sério demais, tentar ser mais importante do que realmente é. A revelação que o intitula é ridícula, mostrando que o foco do filme está errado e os fãs, certamente, se decepcionarão mais uma vez. É um furo atrás do outro, não dá para levá-lo a sério.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | segunda-feira, 25 de Novembro de 2013 - 17:49

O 2 já era patético, esse então...
ele já mostra que é ruim com menos de 15 minutos, quando já apela pra uma cena de sexo quase explícito (apesar da garota peituda ser muito gostosa) totalmente desnecessária e pior, ainda volta a apelar para um teor sexual duvidoso em seu final.
Ridículo!!!!

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