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Clube dos Canibais, O

(O Clube dos Canibais, 2018)
6,7
Média
21 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Sem tanto clube, mas com nacos de carne pra gastar

6,0

Casal rico faz aventuras sexuais de várias égides usando seus empregados como carne para suplantar seu tesão carnívoro e sexual homicida. Tem um clube envolvido tal qual o título, mas serve mais de enfeite de luxo do que outra coisa.  Faltou mesmo esse clube acontecer.

Roteiro com frases feitas demais. Combina com o exagero, ou é uma fuleiragem? De qualquer maneira temos um enxovalhar de expressões fajutas que são óbvias demais para serem consideradas como pontos de inflexão ou sarro. Talvez pelo formato mais bem acabado não enseje esta prerrogativa pela narrativa, já que os personagens não parecem tecer suas frases em exagero proposital, o que acaba por deixar as digressões dos diálogos infantilizadas nos seus anseios de crítica. Fosse feito num tom a mais de sambarilove talvez se vendesse como farsa tal qual é feito com Perversão - Estupro! (Perversão - Estupro!, 1979) do José Mojica Marins – o nosso eterno Zé do Caixão –, que sem tantos recursos aposta no exacerbo de situações, diálogos e violência física, e dentro de sua condição num liquidificador desgraçado de marmotas, funciona bem como a farsa citada (involuntariamente ou não, pelo alopramento faz funcionar na sua grosseria). Mas Clube dos Canibais mais parece um filme a serviço de um discurso pronto de marinheiros de primeira viagem quando preocupados com críticas sociais estão. Porém é engraçado como o discurso desse filme – por vezes até raso – causa um abusozinho por parte de uma turminha reaça chorona. Servindo a isso, já tá valendo. Dito isso, ainda assim, não deixe de parecer um filme pequeno burguês. A linha entre a farsa e a tentativa de crítica é muito tênue, e esse limbo ao qual o filme se encaixa incomoda. Mas o incômodo que enche o saco dos reaças, ah esse aí válido demais. Filme que não perturba ninguém entra no tedioso, e esse aqui tedioso não é.

A violência abusiva é vista como tesão de classes abastadas demagogas. Seus anseios só são brevemente contemplados através dos excessos brutais por sobre os lascados. Figuras subalternizadas economicamente serviam como alimento via sexo, humilhação e morte. E dentro de uma hierarquia de subversões a mistura sexual entre as castas era realmente um pré requisito? Ou uma inversão escondida, já que o casal principal fomenta esta mistura e um dos chefões do clube quando o faz homossexualmente (e é descoberto), trata de resolver a questão. Implica não só o sexo, mas o poder. Seja vomitado pela marmota da "alta cultura" envolvida, seja pela sede sexual torpe homicida.

A selvageria em si é muito bem executada, não devendo tanto a quaisquer exemplos do gênero, inclusive a alta qualidade da parte gráfica deve ser creditada também ao mestre Rodrigo Aragão que fora o chefia responsável pelas mais variadas cenas de destroçamento com destaque para a execução da violência propriamente dita. Se encaixando no clima ensejado e pelos despojos de nacos de carne e ossos estabelecidos para matar a fome do casal canibal. A direção de Guto Parente almejara um clima tétrico de morticínio e de fato conseguira obter êxito na questão. A constatação de uma prerrogativa de incômodo é conseguida pela fita como forma de preparo para o que vem a seguir, deixando o espectador no aguardo dos próximos passos dos personagens. O ritmo não é avacalhado, possuindo alguns respiros que só não funcionam mais por questões de escolhas de roteiro e posicionamentos dos personagens diante dos diálogos. Sua curta duração e sua busca por desfechos sem muitas enroladas acabam por dar mais dinamismo ao material.

Como discurso crítico engancha num primarismo que constrange e diverte ao mesmo tempo por suas escolhas, que acidentalmente causam este efeito dispare, mas tem um elenco que entra nesta seara entre a mangofa e a seriedade, onde o resultado dos trabalhos dos pertencentes a ele acaba por ser positivado ao final. Isto a cargo do talento de Tavinho Teixeira, Ana Luiza Rios e Pedro Domingues. Outro pecado já citado seria a demonstração de existência sim do tal Clube dos Canibais, mas não com o seu aprofundar, quebra a expectativa exatamente por conta da promessa de sua nomenclatura e por seu encaminhamento de interesse de quando se chega ao clube – o problema não é a mentira, mas que o tal clube de fato gera vulto. Novamente um pecado que tem a sua vantagem menor que é a de causar uma relevância específica, como algo que realmente pudesse ser feito em um próximo trabalho deste universo. Um clube dos Canibais que não seja secundarizado de seu próprio filme. Mas com a violência deste aqui e mais esculhambações.

Material partícipe da 1ª Mostra de Cinema Papo Meia-Noite
Fortaleza-CE
Crítica integrante - a posteriori - do especial Abrasileiramento apropriador do Halloween

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