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Críticas

Cineplayers

Extremamente desnecessário para a série, filme apresenta história já contada sobre o início da batalha entre vampiros e lycans.

2,0

Quando o misto de suspense e ação Underworld - Anjos da Noite surgiu nos cinemas em 2003, tudo indicava que uma franquia estava sendo iniciada. Com custo de produção extremamente baixo para um filme que apresentava ação e efeitos especiais dignos de grandes estúdios, o híbrido entre Drácula, O Lobisomem e Matrix dobrou seu orçamento em arrecadação nos cinemas norte-americanos e faturou ainda mais fora dos Estados Unidos. Assim ocorreu também com a inevitável continuação Anjos da Noite – A Evolução, que, lançada três anos depois, repetiu o sucesso alcançado pelo primeiro filme. Para fechar uma trilogia, uma nova produção foi então programada, mas já com duas consideráveis perdas: nem a atriz principal nem o diretor dos filmes anteriores voltariam. E foi assim que Anjos da Noite – A Rebelião começou a tomar forma, já prematuramente sabotado.

A tal rebelião indicada no título nacional e especificada como a "ascensão dos lycans", no nome original, é basicamente o enredo do novo Anjos da Noite, que se passa muito tempo antes dos eventos narrados no primeiro filme. Enquanto Viktor, vampiro aristocrata que apareceu anteriormente na série, pretende domar espécies superiores de lobisomens – os lycans -, Lucian decide terminar com a opressão contra sua raça, tratada como escrava por aqueles que são conhecidos como Mercadores da Morte. As intenções de ambos se dificultam quando entra em jogo o destino de Sonja, personagem já citada na série anteriormente que apenas agora toma forma, filha de Viktor e amante de Lucian.

Como caminha por território já conhecido pelo espectador, praticamente tudo o que acontece em Anjos da Noite – A Rebelião soa repetido e previsível. Por se basear em um argumento já desmistificado anteriormente nos exemplares prévios da saga de vampiros contra lycans, a trama da nova produção é quase que em totalidade descartável, uma vez que apenas desenvolve o que já fora citado na primeira ou segunda parte da série Underworld. Mas isso não parece afetar os realizadores da nova película, que utilizam essa familiaridade de seus espectadores para com a história em benefício à ação excessiva e em incontáveis sequências de batalha.

Um dos principais responsáveis pelo universo de Underworld, Len Wiseman, que dirigiu os dois primeiros filmes da série e os roteirizou, ao lado de Danny McBride, contribui com o novo filme apenas como produtor. Kate Beckinsale então, que emprestava sua beleza para a vampira Selene, aparece apenas em uma ponta reciclada de um dos outros filmes, em um dos vários momentos deprimentes de Anjos da Noite – A Rebelião. McBride, sem Wiseman ao seu lado – que preferiu cuidar de Duro de Matar 4.0 e outros filmes fora da saga -, dividiu o trabalho com outros dois roteiristas: Dirk Blackman e Howard McCain, realizadores que trabalharam juntos no desconhecido Outlander - Guerreiro vs Predador. Com tal peso no currículo, Blackman e McCain foram contratados para colaborar por seus conhecimentos prévios sobre a união de fantasia e seres míticos em território medieval. Infelizmente suas contribuições não foram das mais elogiáveis.

Sem poder contar com Selene ou Michael, personagens importantes nos primeiros filmes que não existem no período em que se passa a nova aventura, a trama principal centrada na batalha entre Viktor e Lucian enfoca ainda o relacionamento do segundo com Sonja. Com o roteiro evocando Shakespeare de maneira risível e pretensiosa, tentando conseguir alguma empatia do espectador através do amor proibido do casal, a veracidade de tal relação falha também pela química inexistente entre seus intérpretes. Enquanto Rhona Mitra com sua inexpressividade dificilmente consegue a simpatia de alguém, Michael Sheen como Lucian faz o que pode e Bill Nighty, intérprete de Viktor, apenas repete o tipo de vilão caricato que já havia apresentado anteriormente na série.

Além de sofrer pelo roteiro, que como já mencionado favorece primeiramente os momentos de ação ao invés de alguma inovação na história, Anjos da Noite – A Rebelião tem sérios problemas com maquiagem e efeitos especiais. Os lobisomens, em especial, soam bastante artificiais em todos os momentos, até parecendo retirados de um videogame nas cenas em que correm. Se os dois primeiros filmes da série tinham a fotografia, sempre sombria e com muitos tons de azul, utilizada de forma inteligente para esconder possíveis defeitos em inserções digitais, o terceiro filme esquece da técnica e parece apenas escuro.

Surgindo nos cinemas norte-americanos com uma arrecadação menor que a do primeiro filme, não ocupando sequer o primeiro lugar do ranking das bilheterias em seu final de semana de estreia, Anjos da Noite – A Rebelião pode fechar uma trilogia de onde não sairão mais derivados. É uma pena que tal situação seja hipotética, já que Kate Beckinsale e Len Wiseman nunca negaram que poderiam voltar à franquia, a qual devem grande parte de seu sucesso e reconhecimento. Com o casal ou não, dificilmente seria possível extrair algo de qualidade de uma série que já se mostra tão cansada e nada inventiva, que aparece em um momento onde os vampiros estão em alta e mesmo assim não consegue gerar interesse por parte do grande público.

Comentários (1)

Cristian Oliveira Bruno | sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 - 16:31

Lucyan não é um personagem interessante. Sonja tem cara de sono o tempo todo e só quem se salva é Bill Nighy, sempre forte na tela. Como nos emocionar com uma história que já sabemos como termina e não nos importamos com os personagens envolvidos? Difícil....

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