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11/09 - A Vida Sob Ataque

(9/11 Life Under Attack, 2020)
7,6
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Críticas

Cineplayers

O dia que ainda ecoa.

8,0

Vinte anos se passaram desde o dia histórico em que dois aviões se chocaram contra as torres do World Trade Center e marcaram pra sempre a história dos Estados Unidos. Na época, todos pareciam incrédulos com o que estava acontecendo quando o primeiro avião acertou uma das torres, pois acreditavam se tratar de um acidente. Quando um segundo acertou a outra, minutos depois, ficou claro que aquilo não era um acaso, mas sim um atentado ao país.

Este 11/09 - A Vida Sob Ataque, documentário realizado pela BBC e disponível no Globoplay quando este texto foi escrito, revive os terríveis momentos por gravações de pessoas que vivenciaram aquilo tudo. É um apanhado de imagens em sequência, algumas caseiras, outras profissionais, montadas em ordem cronológica para criar a sua narrativa, desde momentos antes do primeiro ataque, registros do início de um dia comum, até as chocantes imagens de uma Nova York coberta por uma imensa poeira da morte.

É interessante como os personagens são diversos e bem apresentados: temos cineastas, adolescentes em um telhado, famílias passando férias; alguns sem noção da importância daqueles registros, outros claramente cientes de que estavam gravando um momento histórico, que mudaria tudo a partir dali… Além, é claro, dos bombeiros, que são inclusive responsáveis pela única filmagem do impacto do primeiro avião, pois atendiam a um chamado de um vazamento de gás perto do WTC.

A partir dali, a angústia toma conta por quase uma hora e meia de exibição: com o primeiro prédio em chamas, acompanhamos as pessoas confusas. Algumas acham que foi um helicóptero; outros, por não estarem do lado em que ocorreu o impacto, acham que foi uma bomba. Essa desorientação de informações é algo que não dá para imaginar que ocorreu, a não ser vendo com os próprios olhos as imagens. Até que o segundo avião vem e começam a falar que os EUA estão sob um ataque.

O filme usa muito bem o áudio para chocar o público. Em determinado momento, há um diálogo entre uma mulher e uma atendente do 911; em sua voz já sabemos que ela tem total noção de que não irá sobreviver. Em outro, os bombeiros estão planejando a subida e começamos a ouvir vários estouros. Alguns acham que são explosões, mas alguém explica que são corpos caindo do prédio, das pessoas se atirando para a morte. Pelo rádio, ouvimos um dos bombeiros que chegaram aos andares perto do fogo comentar que o local está lotado de corpos. É agoniante.

Não é um documentário que busca motivos ou apresenta consequências; sua intenção é recriar o momento histórico de Nova York. Já é muito. Apenas cita o avião que atingiu o Pentágono; ainda tivemos o Vôo 93, derrubado pelos passageiros, que teria outro ponto chave dos EUA como alvo - possivelmente a Casa Branca. Não cita a Guerra no Afeganistão também, há poucos dias abandonada. Seu palco - e seu terror - acontece totalmente no acontecimento das Torres Gêmeas.

Por ser um dos primeiros eventos históricos a acontecer em uma era digital ainda primária, é possível ver, por diversos ângulos, esse casualismo da situação. Não tem recriações, não tem narração; a única interferência externa é a montagem, que organiza esses fatos para dar um sentido à linha cronológica das mais diferentes pessoas. E esse é um de seus grandes atrativos. Por vezes, um relógio com a hora de cada fato pula na tela para nos orientarmos - e criar uma expectativa para quem já viveu aquilo e lembra como se fosse ontem do dia. É um daqueles que todo mundo sabe exatamente o que estava fazendo quando parou tudo para acompanhar, pela TV, ao vivo, o segundo avião se chocar e o desabamento poucas horas depois.

Até hoje, é inacreditável pensar que tudo aquilo realmente ocorreu. Ver os dois prédios imponentes no céu, no começo do filme, para depois olhar para aquele mesmo céu e não ver nada além de um céu azul empoeirado, com estruturas em aço tortas como herança da morte mexe lá no fundo da alma. Há um antes e um depois do WTC. Conhecer mais a fundo pessoas que viveram aquilo tudo é dar rosto a algo que antes a gente só tinha visto de uma forma macro.

É dramatizar sem precisar apelar; daí vem a força desse documentário, que merece - e muito - ser assistido para quem quiser ter noção do real impacto que foi aquele inesquecível 11 de setembro.

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