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Críticas

Cineplayers

Um trabalho medíocre de Stephen Sommers, mostra como joga-se dinheiro fora em Hollywood.

2,0

Impressionante a quantidade de dinheiro que um diretor pode gastar em bobagem. Isso só acontece em Hollywood. Foram 160 milhões de dólares gastos em efeitos especiais, em uma tentativa de promover um espetáculo para os olhos, sob o fraco pretexto de se homenagear os filmes de monstros dos anos 30 de Hollywood. A homenagem é bem evidente na boa (a melhor do filme) seqüência inicial, fotografada em preto-e-branco, mas depois dela o filme já não consegue se reencontrar em momento algum, não há uma história central definida e os personagens são incrivelmente estúpidos, ou seja, o que objetivava ser uma homenagem acabou se tornando uma ofensa.

O responsável por isso tudo é o diretor Stephen Sommers, que parecia ser o cara ideal para dirigir uma aventura movida a efeitos especiais, com um clima displicente com a realidade, já que seus dois exemplares de A Múmia são filmes divertidos e bons, dentro de suas limitações e objetivos. Com Van Helsing o diretor foi longe demais, porém, e esqueceu que para ter a simpatia do público são necessários personagens interessantes, divertidos e um roteiro com um mínimo de lógica, coisa que não existe neste caso. O filme não recebeu a nota que recebeu por ser especificamente ruim. Ele sem dúvida é ruim, mas há coisas muito piores por aí que acabaram ganhando avaliações melhores. É muito frustrante ver um conceito teoricamente tão legal, e tanto dinheiro disponível ser desperdiçado em um filme vazio em tudo, principalmente em entretenimento.

Hugh Jackman é Van Helsing, um caçador de monstros, numa forçada de barra enorme com o clássico personagem da mitologia de Drácula, que não possuía super-habilidades em absoluto. Ele trabalha para o Vaticano com o objetivo de exterminar criaturas malignas, numa analogia a James Bond bem cara-de-pau. Seu próximo alvo é Drácula, claro, que fez um pacto com Frankenstein e o Lobisomem (!!!). O enredo tem diversos pormenores, um mais sem sentido que o outro, e no final das contas percebe-se que é tudo mais uma desculpa esfarrapada para mostrarem efeitos e mais efeitos especiais. Em A Múmia, a história pelo menos tinha algum sentido e era um pouco interessante.

Kate Backinsale, linda de doer numa roupa incrivelmente sensual para a época, acaba se juntando a Helsing e formando o casal de pombinhos do filme. Obviamente, no início eles demonstram antipatia um pelo outro (o mesmo clichê já utilizado inúmeras vezes nesse tipo de aventura), mas todos sabem que acabarão apaixonados perto do final do filme. Final que visivelmente dá margem para continuações. O filme foi muito bem nas bilheterias, mas também custou os olhos da cara, então uma seqüência ainda é incerta. Espero que não aconteça! Os outros coadjuvantes estão lá apenas para enfeitar ou servir de alívio cômico, há até mesmo clones de orcs trabalhando para o Drácula, numa falta de originalidade total dos produtores do filme.

Tecnicamente é um trabalho decente, embora se levarmos em conta o tamanho do orçamento pode ser chamado de medíocre, no máximo. Algumas tomadas em computação gráfica são muito fracas, e o filme em muitos momentos não se parece muito melhor do que um videogame de última geração. A trilha sonora é bem interessante, tentando criar um tom épico inexistente para o filme. Acaba engrandecendo as cenas de forma muito positiva, embora não as salva de jeito nenhum. Fora a trilha, a parte sonora é apenas um grande amontoado de sons desconexos e exagerados, tudo para tentar aumentar o impacto visual. Novamente, mera tentativa

Van Helsing começa com o pé esquerdo a temporada de arrasa-quarteirões de 2004, é um filme sem inspiração alguma, na maior parte do tempo irritante e monótono. Mesmo que seu objetivo seja a diversão descompromissada, os produtores, e principalmente o Sr. Sommers poderiam ter feito um trabalho mais decente no desenvolvimento dos personagens, para pelo menos fazê-los carismáticos. Não posso dizer que recomendaria esse filme pra alguém, mesmo para aqueles sujeitos que realmente não se importam com roteiro e amam efeitos especiais. Não há nada de novo nesse filme. E com 160 milhões de doletas por trás, isso é uma vergonha!

Comentários (1)

Luiz F. Vila Nova | sábado, 17 de Maio de 2014 - 16:37

Apesar dos defeitos, equívocos, do roteiro vazio e da mão pesada de Sommers na direção, acho um filme divertido e bem produzido. Algumas idéias são boas também, assim como o visual das criaturas, bastante criativo. A trilha sonora é fantástica, sendo épica, bela e tensa nos momentos certos da projeção. O elenco esta bem também, apesar dos personagens serem mal-desenvolvidos. Um bom passatempo e melhor do que muita porcaria produzida por aí.

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