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Críticas

Cineplayers

Woody Allen acerta um Ace em seu novo trabalho, o primeiro fora de Nova York.

8,0

É sabido que os americanos não apreciam os filmes de Woody Allen como ele merecia e depois da tentativa não muito bem sucedida de fazer as pazes com os estúdios, que resultou numa série de comédias ligeiras, Woody pareceu ter desanimado e perdido a verve que trouxe tantos filmes memoráveis como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa e Manhattan. Não tendo conseguido financiamento para Ponto Final - Match Point nos EUA, Woody recorreu aos britânicos que lhe disseram algo como: "Adoramos você e vamos lhe dar o dinheiro e liberdade criativa, você só tem que passar o cenário de Nova York para Londres"; ele topou, reescreveu a história e a troca deu certo, o filme tem sido muito bem recebido e aponta para uma recuperação do diretor.

Seu anterior, Melinda & Melinda, foi como um filme de auto-avaliação que discutia os prós e contras entre drama e comédia, Ponto Final é a conclusão dessa discussão onde o drama, por enquanto, venceu. A história gira em torno de Chris Wilton, um ex-jogador profissional de tênis que acaba de chegar na Inglaterra para se tornar instrutor num clube de ricaços, lá ele faz amizade com um de seus alunos, o playboy Tom, e se aproxima de sua família. Chris rapidamente se envolve com a irmã de Tom mas na verdade deseja Nola, noiva dele, o que dá início ao conflito.

Woody cria um novelão, ricos e não tão ricos se amam e se odeiam em numa Londres lindamente fotografada, com direito a uma cena de beijo em meio a um campo de trigo, assumidamente brega. Felizmente ele adiciona um nível de sofisticação mais alto que o dos folhetins com citações a Dostoiévsky e Shakespeare, óbvias inspirações, além de uma visão irônica sobre acaso, ambição, adultério e crime, mas lembrando que a ironia aqui é sutil já que não se trata de uma comédia. Ele prova que ainda está em forma como diretor, com uma estrutura elegante e concisa que dá voltas em torno de seus temas num ritmo crescente de envolvimento com o espectador. A carreira de Johnatan Rhys-Meyers deverá ganhar um impulso após Ponto Final, sua performance como Chris é marcante e apesar de ser um personagem complexo e questionável ele nunca soa falso, no elenco de apoio destaque para Scarlett Johansson que rouba cenas como a sexy atriz fracassada Nola e para Penelope Wilton, também ótima como a sogra venenosa.

Ponto Final é entretenimento sem excessos, romance que remete a um cinema à moda antiga e trabalho de um cineasta maduro que parece ter feito as pazes consigo mesmo e consequentemente com seu trabalho.

Comentários (1)

Leonardo Melo | quarta-feira, 16 de Abril de 2014 - 22:26

O melhor de Wood Allen (dos que eu vi). Fantástico!! Cheio de metáforas interessantes...

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